Demorou, mas aconteceu. E foi bom. A direção do ‘Big Brother Brasil’ precisou ser chacoalhada pela reação das redes sociais e da imprensa on-line — mais uma vez a internet dando uma lição na velha televisão — para se posicionar contra a cultura do racismo refletida em comentário de Rodolffo sobre o cabelo black power de João.
Tiago Leifert fez um bem-vindo mea-culpa pela omissão do programa, com explanação correta a respeito de preconceito racial, símbolos de resistência contra o racismo e a importância de respeitar (e tentar compreender) a dor de quem se sente discriminado.
Para João e Camilla, que se agigantaram em cena, foi uma catarse. Sentiram-se notados, apoiados, dignificados. Um momento especial, talvez histórico, em 22 edições de ‘BBB’ marcadas por inúmeras questões sociais relevantes negligenciadas pela direção do programa.
Quantas oportunidades perdidas de iniciar uma discussão na casa — estendida à sala do telespectador — a respeito de preconceitos e estereótipos. O esclarecimento conduzido por Tiago Leifert, visivelmente sensibilizado, compensou a banalidade de uma edição inteira.
Na esteira de um capítulo de ‘Amor de Mãe’ com boa audiência (picos de quase 40 pontos), o ‘Big Brother Brasil’ fez valer sua popularidade e influência. O programa serve para nos distrair do caos da vida real, ainda mais em tempo de pandemia e incerteza sobre o futuro, mas pode também ser útil como palco de discussões e reflexões sobre o que nos atinge e aflige. Aquele experimento de convivência ressalta o melhor e o pior de todos nós. Resta-nos aproveitar suas lições.