Em um prédio baixo na rua Bénouville, no elitista 16º arrondissement de Paris, vive Olivia de Havilland, única atriz ainda viva do elenco de 'E o Vento Levou'. O clássico do cinema foi lançado em 1939, quando ela tinha 23 anos. A veterana completará 104 no próximo dia 1º de julho.
Apesar de lúcida e sem grandes problemas de saúde, ela quase não sai às ruas da capital da França, onde se radicou na década de 1950, após se casar com o jornalista e escritor Pierre Galante (1909-1998).
Com tripla cidadania (britânica, americana e francesa), ela recebeu importantes honrarias, como a Ordem Nacional da Legião de Honra da França, a Medalha Nacional das Artes dos Estados Unidos e o título de Dama do Império Britânico concedido pela rainha Elizabeth.
Entre os muitos prêmios recebidos pela atriz ao longo de 85 anos de carreira estão dois Oscars. O primeiro, em 1947, por 'Só Resta uma Lágrima', e o segundo três anos depois, pela atuação em 'Tarde Demais'.
A interpretação da sofrida Melanie Hamilton, que morre na metade de 'E o Vento Levou', rendeu a Olivia uma indicação à estatueta dourada, porém, a vencedora naquele ano foi Hattie McDaniel, a Mammy de Scartlett O´Hara, primeira atriz negra a ganhar o prêmio mais cobiçado de Hollywood.
Sua grande rival no cinema foi a própria irmã, Joan Fontaine (1917-2013), com quem sempre manteve uma relação difícil. Em 1942, as duas foram indicadas juntas ao Oscar, e Joan ganhou por 'Suspeita', de Alfred Hitchcock.
Independentemente dos protestos dos ativistas que enxergam em 'E o Vento Levou' uma propaganda do racismo estrutural e histórico, Olivia de Havilland continua a ser uma referência de talento, elegância e carisma.
A atriz teve dois filhos. O matemático Benjamin Goodrich, que morreu aos 42 anos, em 1991, de Linfoma de Hodgkin, e Gisele Galante, de 63 anos, que se dedica a cuidar da mãe centenária e da administração do legado da última grande dama ainda viva da era de ouro de Hollywood.