“Alô, você” é um dos bordões mais famosos e identificáveis da história da televisão brasileira. Seu criador, Fernando Vanucci, que morreu aos 69 anos nesta terça-feira (23), construiu estilo próprio de comandar programas esportivos. Irreverente, ele parecia bater papo com o telespectador, como se faz nas rodas de conversa sobre futebol entre amigos.
Versátil, comandava do estúdio, narrava e ainda era comentarista. Antes, foi repórter de campo. Era hábil em conduzir transmissões ao vivo e improvisar. Começou cedo, aos 15 anos, em Minas Gerais, e se tornou nacionalmente famoso e respeitado na Globo, onde trabalhou por 25 anos. Sua credibilidade o levou a apresentar várias edições do Jornal Nacional na década de 1990.
De 1985 a 1999, Vanucci foi a voz do Carnaval na emissora carioca. Com alegria genuína, narrava os desfiles na Sapucaí. Uma gafe o prejudicou no canal. Em uma manhã de domingo, quando apresentava o Esporte Espetacular, se deixou flagrar engolindo um pedaço de pão com manteiga no retorno da imagem ao estúdio após a exibição de uma matéria.
A direção da TV o afastou. Ficou na “geladeira”, como se diz no jargão do meio televisivo. Pouco depois não teve o contrato renovado. Passou por Band, Record e RedeTV!, onde protagonizou outro episódio desagradável ao surgir grogue no ar em consequência da mistura de um remédio contra a ansiedade e duas taças de vinho.
Em 2014, ele se tornou editor de esportes e apresentador na Rede Brasil, emissora paulista de pequeno alcance. Ali encerrou sua trajetória diante das câmeras, após enfrentar alguns problemas de saúde que o fragilizaram. Nos bastidores, Fernando Vanucci sempre foi afável com colegas, entrevistados e admiradores. Merece homenagens por seu talento, carisma e despojamento. Algo que a Globo não fez em 2018, ao ‘esquecer’ de mostrá-lo no especial de 40 anos do ‘Globo Esporte’. Falha imperdoável.