“Inshalá, muito ouro!”, diria Khadija (Carla Diaz), de O Clone, ao entrar no apartamento de Donald Trump na Trump Tower, no coração da Quinta Avenida, em Nova York. Há folhas de ouro no teto, bordados a ouro nos tecidos de sofás, ouro em candelabros, tinta ouro em móveis clássicos. O imóvel reluzente está avaliado em 100 milhões de dólares, quase R$ 600 milhões.
O excesso de dourado domina o projeto de decoração do início da década de 1980 assinado pelo designer Angelo Donghia (1935-1985). Tal estilo — imitação da opulência de Luis XIV, rei da França responsável pela construção do inigualável Palácio de Versalhes — é a cara dos milionários cafonas e novos ricos. Ali, em seu palácio suspenso, com vista privilegiada para o Central Park, Trump comandou seu império de negócios até se mudar para a Casa Branca.
Após o fim do polêmico mandato, em janeiro deste ano, o ex-presidente não voltou para o apartamento de visual kitsch. Instalou-se com Melania e o caçula Barron no resort Mar-a-Lago, na Flórida. Buscou não apenas o clima quente do sul dos Estados Unidos, mas também manter distância dos cobradores e da hostilidade dos nova-iorquinos.
Apesar de ter nascido e vivido a maior parte da vida na Big Apple, Trump não conta com a simpatia dos vizinhos. Em 2016, perdeu na cidade para Hillary Clinton. Na última eleição, conseguiu apenas 12.3% dos votos em Manhattan, área mais nobre de NYC, contra 86.7% de Joe Biden, eleito após a apuração caótica. Pelos sinais captados pela imprensa, o republicano não pretende voltar a morar no tríplex.