Como repórter, estive várias vezes com Sandy e Júnior, desde que eles eram pré-adolescentes. Duas ocasiões foram especiais.
A primeira, no apartamento da família num prédio luxuoso no bairro Cambuí, em Campinas.
A outra, na mansão para onde o clã se mudou em seguida, em um condomínio nos arredores da mesma cidade do interior paulista.
Nesses momentos, tive total liberdade para entrevistar e interagir com a dupla.
Os pais, Xororó e Noely, estavam por perto, mas sem jamais interferir no trabalho jornalístico da equipe.
Sandy e Júnior nunca precisaram de censores nem de superproteção.
Apesar de não terem malícia, sabiam lidar com a ardilosa imprensa de celebridades.
Os dois sempre foram espontâneos e sinceros com os repórteres, apesar da pressão e do sofrimento sofrido por conta de matérias tendenciosas, boatos maldosos e a superexploração da intimidade de ambos a fim de vender revistas e gerar cliques na internet.
Quem não se lembra do monitoramento sufocante a respeito da virgindade da cantora?
Como esquecer a insistência em duvidar da heterossexualidade do músico?
Os irmãos cresceram diante das câmeras sem a liberdade de quem é anônimo, porém não se tornaram reféns da própria fama.
A dedicação à carreira não os impediu de ter amigos, viajar nas férias, se relacionar com parentes, manter boa relação com colegas de colégio, viver paixões.
Nunca se percebeu nenhum sinal de rebeldia e infelicidade.
Essa vida aparentemente perfeita suscitou questionamentos de quem não compreendia o óbvio.
No refúgio do lar, Xororó, Noely, Sandy e Júnior conseguiam ser uma família comum, não eram personagens.
“Não somos uma farsa” foi o título de uma das matérias que escrevi a respeito dos Lima.
Quem teve algum contato mais próximo com Sandy e Júnior compreende o sucesso estrondoso da dupla.
O êxito foi baseado em talento, carisma, autenticidade, dedicação e amor pelo que se faz.
O retorno deles para uma turnê de shows é um presente aos antigos fãs, um estímulo à mídia atual carente de artistas legítimos e uma oportunidade para a nova geração ver de perto uma das parcerias mais bem-sucedidas da história da música brasileira.
Uma ótima notícia num período de tanta pobreza artística no Brasil.
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