A televisão mostra, mais uma vez, seu poder de influência. Em duelo pelo reconhecimento de união estável com Gugu Liberato, a médica Rose Di Matteo e o chef Thiago Salvático escolheram o Fantástico, assistido por 4 milhões de pessoas somente na Grande São Paulo, para tentar convencer o público de seu direito a um percentual da herança.
Seus depoimentos exibidos na edição de domingo (17) da revista eletrônica tiveram a indiscutível intenção de comover os telespectadores — de quebra, cooptar apoio no inclemente tribunal da internet — e tentar enfraquecer os argumentos do adversário. Para conseguir resultado instantâneo nada melhor do que aparecer na maior vitrine do País: a tela da Globo.
Rose e Thiago não foram entrevistados diretamente pela repórter da matéria, Ana Carolina Raimundi. Ambos optaram gravar vídeos curtos. Uma estratégia comum a quem prefere evitar perguntas contundentes e a possibilidade de se equivocar ao improvisar respostas. Pelo movimento dos olhos foi possível notar que o chef leu o que disse. A médica também escolheu bem as palavras. Por trás das declarações estavam os advogados de cada parte, obviamente.
Dois trechos se destacaram. Reafirmando a alegada posição de esposa, além de ser mãe dos três filhos de Gugu, Rose procurou minimizar a importância do oponente. "Eu gostaria de dizer que nunca ouvi falar no nome Thiago Salvático", disse. "Gugu nunca mencionou o nome dele."
O chef desqualificou a relação do comunicador com a médica ao comentar o que teria vivido com Gugu por oito anos. "Foi uma relação de duas pessoas solteiras, baseada em amor, cumplicidade e na comunhão de vidas", afirmou. "O maior sonho dele (Gugu) seria viver em um mundo sem preconceito, sem julgamentos pela orientação sexual."
Este último fragmento da fala de Thiago parece ter sido uma condenação à ameaça feita em fevereiro por Rose, por meio de seu advogado, de processar quem chamar Gugu de gay é "manchar sua honra". Tal posicionamento foi interpretado como homofobia por considerar que ser homossexual é, por si só, uma desonra. Diante de ruidosa repercussão na imprensa e na web, a defesa da médica divulgou carta aberta na qual afirmou que ela "não acena com preconceitos" e age apenas para garantir "direitos constitucionais e pela preservação da memória de Gugu Liberato".
A guerra pelo reconhecimento de união estável e por um quinhão da fortuna deixada pelo apresentador tem três núcleos: um formado por Rose e os filhos, outro pelo clã Liberato (liderado pela irmã dele, a numeróloga Aparecida, inventariante e curadora das sobrinhas menores de idade) e o terceiro por Thiago Salvático. Uma múltipla disputa judicial que parece uma novela dramática. Pode-se afirmar que ainda assistiremos a muitos capítulos dessa triste trama. Em nenhuma das hipóteses se vislumbra final feliz.