Pequenas atitudes geram grandes conclusões. Únicos negros na vigésima edição do Big Brother Brasil, Babu e Thelma afirmam já terem sido alvo de comportamentos discriminatórios por parte de alguns colegas de confinamento.
O ator é explícito na acusação; a médica, mais reflexiva do que verborrágica, manifestou a mesma percepção de maneira discreta. Pelo que ambos disseram, foi o chamado racismo cordial, aplicado de maneira amena, como se a pessoa não tivesse a intenção racional de ofender ou segregar. Uma discriminação estrutural típica da sociedade brasileira. Difícil de ser combatida justamente por não ser tão contundente e estar fora do alcance das leis.
Na edição de terça-feira (17), os telespectadores do BBB20 assistiram a um vídeo de enaltecimento de Thelma. A anestesiologista foi retratada como uma mulher coerente e verdadeira. Destacou-se suas vitórias contra o racismo no dia a dia para, sendo de origem humilde, se graduar médica ao lado de colegas estudantes de classe média alta.
Tratou-se, sem dúvida, de um posicionamento da direção do BBB e, portanto, da Globo, contra a acusação de omissão às manifestações interpretadas como racistas no reality show. Uma resposta que poderia — e deveria — ter sido mais enfática.
No caso do Big Brother Brasil, exibido desde 2002, a emissora demonstrou várias vezes enorme dificuldade em agir rápido, e exemplarmente, contra polêmicas que atentam contra a dignidade de participantes e pessoas em geral. E, quando o faz, às vezes peca pela falta de contundência.
A Globo parece sempre estar em cima do muro. Contra o racismo e outras formas de discriminação é imprescindível ter coragem de assumir convicção. O poder e a responsabilidade que o canal tem não permitem que se exima.