No domingo (16), a autora Gloria Perez postou no Instagram uma imagem de transmissão do canal da ‘Revista Oeste’, alinhada à direita, da manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio.
Ela já havia se manifestado anteriormente a favor de pautas conservadoras e sinalizado apoio ao bolsonarismo. É uma estranha no ninho, já que a maioria da classe artística está à esquerda no espectro político.
Em sua última novela, ‘Travessia’, Gloria bancou a presença de dois atores de direita, Cássia Kis e Humberto Martins. Nas redes sociais, houve protestos e pedidos de boicote à obra.
Esse novo posicionamento da dramaturga eleva a tensão na Globo a respeito de seu próprio projeto, uma novela que deveria substituir ‘Vale Tudo’ em setembro ou outubro, mas foi adiada para 2026. O teor político seria o motivo do atraso.
Um dos protagonistas é do Sul do País, região majoritariamente conservadora e simpática a Bolsonaro, com forte pensamento separatista e onde proliferam células neonazistas investigadas pela polícia. Um prato cheio para os desafetos atacarem Gloria Perez.
Como cidadã, ela tem o direito à liberdade de expressão, incluindo aceno ao bolsonarismo. Como contratada da Globo, cria uma situação delicada em uma emissora que oscila entre o progressismo e o tradicionalismo.
Seria impensável o canal tentar censurar a autora. Por outro lado, ao solicitar mudanças em sua novela, mostra temor em desagradar a certos grupos na sociedade e causar controvérsia potencialmente prejudicial à audiência em ano eleitoral. Gloria Perez vai ceder? A impressão é que sua novela caiu em um limbo. Resta esperar o próximo capítulo.