Bolsonaro ironiza jornalistas da Globo que exigem aumento

Presidente comenta paralisação em redações em protesto pela defasagem nos salários e debocha da linguagem neutra

12 nov 2021 - 08h43

Logo no início da live de quinta-feira (11), Jair Bolsonaro usou uma notícia postada na internet para criticar e ironizar a imprensa, os jornalistas em geral e, especialmente, os veículos do Grupo Globo.

Bolsonaro diz que os jornalistas “pagam o preço” por terem incentivado o ‘fica em casa’ na pandemia
Bolsonaro diz que os jornalistas “pagam o preço” por terem incentivado o ‘fica em casa’ na pandemia
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

“Tô vendo aqui, jornalistas da Globo, ‘Folha’ e ‘O Estado de S. Paulo’, pedindo reajuste de 9% para todes. É isso mesmo? Todes. Vamos aqui aderir à linguagem deles”, disse, rindo, ao mostrar um ‘print’ de matéria.

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Como se constata, o presidente aproveitou para atacar a linguagem neutra usada para designar pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e feminino. Esse vocabulário é demonizado pelos bolsonaristas e conservadores. Por enquanto, nenhum grande veículo de comunicação aderiu ao linguajar.

“Eu posso dar um conselho a vocês (jornalistas). Fica em casa, pô. Vocês não recomendaram isso o tempo todo para o povo trabalhador? Fica em casa, tá certo?”, disse o presidente, jocoso.

“Porque as consequências daquela história que vocês da imprensa falaram tanto, né, ‘fica em casa, a economia a gente vê depois’, tão servindo também para a imprensa. Todo mundo tá pagando um preço alto em cima disso. A inflação está aí no mundo todo”, afirmou.

Em relação à notícia comentada por Bolsonaro, jornalistas de grandes impressos pararam de trabalhar por duas horas na tarde de quarta-feira (10) para solicitar a recomposição salarial pela inflação. De veículos pertencentes ao Grupo Globo, participaram profissionais de ‘O Globo’ e ‘Valor Econômico’.

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O presidente fez piada da defasagem salarial dos jornalistas e dos pronomes neutros
Foto: Reprodução/YouTube

No começo e no final da transmissão, Bolsonaro elogiou o jornalismo da TV Jovem Pan News, lançada em outubro. Apoiado pela maioria dos âncoras e comentaristas do canal, ele se tornou uma espécie de garoto-propaganda informal da emissora concorrente da GloboNews, Record News, CNN Brasil e Band News.

Em tempo: ao contrário dos outros chefes de Poder e dos principais líderes políticos do País, Jair Bolsonaro ignorou a morte da jornalista Cristiana Lôbo, da GloboNews. Ele não fez nenhum post a respeito nem a citou na live. A apresentadora e comentarista, vítima de um câncer raro na medula, era uma das veteranas da cobertura de Brasília. Criticava o bolsonarismo com a coerência e a leveza características de seu estilo.

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