Em casos de tragédias no Rio ou em áreas próximas, um dos apresentadores do ‘Jornal Nacional’ sempre se deslocava até o local para dividir a tela com o colega que ficasse no estúdio.
Foi assim, por exemplo, em abril de 2010, quando Fátima Bernardes ancorou o telejornal do Morro do Bumba, em Niterói, onde dezenas de moradores morreram nos deslizamentos provocados por um temporal.
Nove meses depois, lá estava Renata Vasconcellos, que cobria as férias de Fátima, em meio aos escombros das chuvas que arrasaram Teresópolis, na região serrana, mesma área onde fica Petrópolis, cidade que registra mais de 100 mortos em consequência dos alagamentos e deslizamentos ocorridos na terça-feira (15).
Desta vez, William Bonner e Renata permaneceram no estúdio, no Rio, enquanto outros âncoras, como Flávio Fachel (‘Bom Dia Brasil’ e ‘Bom Dia Rio’) e Aline Midlej (‘Jornal das 10’, da GloboNews), transmitiram diretamente do local da catástrofe.
O blog apurou que os apresentadores do ‘JN’ não foram enviados a Petrópolis por questão de segurança. Houve o temor de hostilidade, como uma possível invasão do ‘ao vivo’ por descontentes com o jornalismo da Globo (o que acontece com frequência) e manifestações políticas de apoiadores de Jair Bolsonaro, que trata a emissora como inimiga.
Em razão do conflito entre o jornalismo do canal e o presidente, radicais chegaram a enviar ameaças de morte contra Bonner. Renata também foi vítima de campanha de intimidação na internet. Os dois pagam um preço alto pelas posições de poder que ocupam na TV: a limitação da liberdade de ir e vir. Evitam a exposição pública para não provocar extremistas que podem surgir de qualquer lado.
Ressalte-se que, ao longo da cobertura da Globo e da GloboNews nas ruas enlameadas de Petrópolis, as equipes das emissoras foram tratadas com respeito pelos moradores. Vários deles concederam entrevistas, ainda impactados pelas perdas humanas e materiais.