Brasil radicalizado faz a TV perder influência na eleição

Tempo expressivo no horário político não garante mais a conquista instantânea de votos aos presidenciáveis

25 set 2018 - 17h24

Antes do início da campanha eleitoral, a maior parte dos partidos fez o possível e o impossível para conseguir mais tempo na propaganda eleitoral obrigatória na TV.

A ânsia por visibilidade no mais poderoso veículo de comunicação de massa do País estimulou as legendas a passar como rolo compressor sobre a coerência ideológica.

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Mas, para surpresa geral, o tão cobiçado horário político, no ar desde 31 de agosto, não deu, por enquanto, o resultado esperado à maioria dos presidenciáveis.

Ciro, Bolsonaro, Haddad e Alckmin: desta vez, a maioria dos eleitores decide o voto independentemente do que vê na TV
Ciro, Bolsonaro, Haddad e Alckmin: desta vez, a maioria dos eleitores decide o voto independentemente do que vê na TV
Foto: João Cotta / TV Globo

Todos os 13 candidatos ao Palácio do Planalto têm seis blocos semanais cada um na TV, às terças, quintas e sábados, das 13h às 13h12, e das 20h às 20h42.

O campeão de tempo, Geraldo Alckmin (PSDB), possui quase 6 minutos a cada bloco, e não conseguiu passar de 12% em nenhuma pesquisa de intenção de votos até aqui.

Henrique Meirelles (MDB), com 1 minuto e 40 segundos, se mantém entre 2% e 3%. Havia expectativa de melhor desempenho a partir de sua relevante exposição no vídeo.

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O líder nos levantamentos mais recentes feitos pelo Ibope e o Datafolha, Jair Bolsonaro (PSL), com 28% em ambos os institutos, possui apenas 8 segundos na propaganda. Ou seja, a TV não foi determinante para o seu bom desempenho.

Fernando Haddad (PT), segundo colocado nas pesquisas (com 16%, de acordo com o Datafolha; e 22%, segundo o Ibope), aparece em pouco mais de 2 minutos a cada bloco.

Já Ciro Gomes (PDT) conta com 33 segundos somente. Apesar disso, está estável na terceira posição nos rankings de pesquisas.

Estes números mostram que a influência da TV foi abafada pela polarização que divide o País entre os bolsonaristas, os anti-Bolsonaro, os petistas e os anti-PT.

Essa rivalidade se mostra mais forte do que o até então imbatível poder da telinha. A maioria dos eleitores está tão convicta em seu voto que não se deixa levar pelo que os demais candidatos apresentam no horário político. Diferentemente do que ocorreu em eleições anteriores, quando a TV teve um papel decisivo no resultado das urnas.

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No provável segundo turno, com tempos iguais aos dois candidatos, a propaganda eleitoral poderá influenciar mais o telespectador, que possivelmente prestará atenção às propostas de cada um e à inevitável troca de acusações entre eles.

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