Na intenção de fazer graça a qualquer custo para agradar o telespectador, a TV às vezes ultrapassa o limite do aceitável ao expor ao ridículo quem se coloca diante das câmeras em busca de fama.
Foi o que aconteceu com a SIC, emissora portuguesa parceira da Globo. Uma brincadeira de mau gosto com um candidato do talent show musical ‘Ídolos’ rendeu um processo e repercussão negativa na mídia.
Daniel Ribeiro participou das seletivas da temporada de 2015 do programa. Portador da malformação popularmente conhecida como ‘orelhas de abano’, o jovem teve essa característica destacada por efeito de computação.
Durante sua apresentação aos jurados, as orelhas aumentavam de tamanho a todo momento em deplorável recurso para provocar riso no público.
Acionado, o Ministério Público de Portugal deu razão ao participante e apoiou seu pedido de 100 mil euros – aproximadamente 370 mil reais – de indenização por danos morais.
No Brasil, várias ações judiciais semelhantes foram vencidas por pessoas ridicularizadas na TV, especialmente em ‘pegadinhas’ e citações pejorativas em reportagens.
Com seu poder imensurável, a televisão pode passar como um rolo compressor sobre a dignidade de quem aparece, voluntariamente ou não, na tela.
Não se trata de ser politicamente correto, mas de agir com respeito e ética. A sociedade já registra excesso de bullying, não precisa que a TV contribua com o massacre psicológico sofrido diariamente por milhões de anônimos.