Duas novidades no núcleo de novelas indicam o estilo do novo chefe dos Estúdios Globo, Amauri Soares. A trama criada por Lícia Manzo para a faixa das 18h, ‘O País de Alice’, foi cancelada quando já estava em fase de escalação do elenco.
Segundo informações de bastidores, o roteiro foi considerado “sofisticado demais”. Na história, uma musicista de um conservatório italiano redescobre a própria origem ao se mudar para o Brasil.
Autora da problemática ‘Um Lugar ao Sol’ (recorde negativo de audiência às 21h) e das ótimas ‘A Vida da Gente’ e ‘Sete Vidas’, Lícia Manzo aborda sempre a complexidade emocional das personagens e discute com profundidade questões do cotidiano.
A nova direção da Globo parece querer novelas mais populares, um entretenimento leve capaz de capturar rapidamente a atenção do telespectador. A história cancelada será substituída por uma trama em desenvolvimento de Mário Teixeira, autor das bem-sucedidas ‘Mar do Sertão’ e ‘O Tempo Não Para’, entre outras produções.
A faixa das 9 da noite poderá contar com o retorno de um dos maiores dramaturgos da história da TV. De acordo com o colunista Flávio Ricco, do R7, a Globo avaliou positivamente uma sinopse encomendada a Aguinaldo Silva.
O autor, de 80 anos, com dois prêmios Emmy Internacional na estante, foi demitido em 2020 após quatro décadas no canal. Ele assinou sucessos como ‘Roque Santeiro’, ‘Tieta’, ‘Senhora do Destino’, ‘Fina Estampa’ e ‘Império’. Seu estilo é popular, exatamente o que a cúpula da Globo quer resgatar.
A última novela, ‘O Sétimo Guardião’, foi rejeitada pelo público e gerou polêmica sobre a autoria, já que a base da história nasceu de um curso de Silva a interessados em escrever novelas. Apenas um revés em uma carreira vitoriosa.
Radicado em Lisboa, Aguinaldo acabou de escrever seu livro de memórias. No Twitter, ele sinalizou a vontade de voltar a trabalhar para a TV. Sem dúvida, suas novelas com personagens sarcásticos e crítica social fazem falta.