Destacar-se em um folhetim com artistas consagrados não é fácil. Somente a conjunção de talento e carisma permite tal façanha.
No caso de Amaury Lorenzo, acrescente na receita pitadas generosas de beleza rústica e sensualidade à flor da pele.
Nos primeiros capítulos de ‘Terra e Paixão’, Ramiro pareceu ser apenas um jagunço sanguinário. A partir da faísca sexual com o gay Kelvin (Diego Martins) ganhou outra dimensão.
Com habilidade, o autor Walcyr Carrasco leva o personagem da vilania à comédia romântica queer, e vice-versa. Esse trânsito entre extremos acontece de maneira fluída e convincente.
O homem capaz de matar a sangue-frio é o mesmo que se desmancha ao demonstrar interesse erótico-afetivo pelo homossexual lacrador do bordel da cidade.
Com atuação vigorosa, Amaury Lorenzo faz o público temer e sentir raiva de Ramiro em seus momentos de bandido.
Depois, ele seduz nas cenas em que o peão se mostra um marrento fofo lutando contra o desejo proibido. Uma contradição construída com harmonia.
A conjunção de texto criativo, interpretação inspirada e direção firme resulta em alguns dos melhores momentos do folhetim das 21h da Globo.
Na era da representatividade, o personagem remete a um perfil comum na sociedade brasileira: o machão homofóbico com vida dupla.
Na surdina, ele procura outros homens em banheiros públicos, tem perfil sigiloso em aplicativos gays de pegação e, às vezes, mantém uma relação homoafetiva sem que sua tradicional família desconfie.
Neste caso, não vale aquele aviso de ‘qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência’. Se bobear, há por aí mais Ramiros do que gays assumidos como Kelvin.
O sucesso do cafuçu de ‘Terra e Paixão’ se deve também à beleza e sensualidade de Amaury Lorenzo, um tipo bem brasileiro que chama a atenção pelo olhar insinuante.
As redes sociais estão empolgadas com o artista de 38 anos. É o novo crush de muitos telespectadores gays da novela. Após mais de 10 trabalhos na teledramaturgia, ele sente o sabor da fama.
