Falar pouco, ser objetivo, interromper apenas em último caso, não fazer julgamento, aparecer o menos possível. Assim deve agir um entrevistador na TV.
Carolina Ferraz seguiu a cartilha à risca ao ficar frente a frente com Ana Hickmann no ‘Domingo Espetacular’. A apresentadora do dominical da Record teve atuação impecável.
Ela acertou ao deixar a entrevistada desabafar livremente. Fez apenas comentários pontuais e oportunos. Ao mesmo tempo, demonstrou empatia sem que isso interferisse na conversa. Agiu com elogiável profissionalismo.
Em situações semelhantes, estamos acostumados a ver âncoras, apresentadores e repórteres não disfarçarem o desespero em aparecer tanto ou mais do que o entrevistado. Querem projeção em cima do drama alheio.
Geralmente, fazem interrupções desnecessárias, perguntas repetitivas, dão opinião pouco espontânea, forçam emoção. Jornalismo não é teatro. Quem entrevista não deve se colocar na frente dos holofotes.
Carolina Ferraz já havia tido desempenho correto em circunstância parecida na edição de 12 de novembro do ‘Domingo Espetacular’, quando conversou com Dinorah Santana, ex-mulher do jogador Daniel Alves, preso na Espanha sob a acusação de crime sexual.
Ao sair da zona de conforto do estúdio principal, seja para gravar uma matéria na rua ou uma entrevista, a apresentadora – que trabalhou no ‘Programa de Domingo’ da extinta TV Manchete e no ‘Fantástico’ da Globo – mostra ter a coerência e a compostura que a missão exige. Além disso, dá um show de elegância.