Na noite de domingo (13), Gabriel Chaim participou ao vivo do ‘GloboNews Internacional’. Ele é um dos poucos profissionais de imprensa brasileiros na capital da Ucrânia.
Questionado a respeito da morte do jornalista americano Brent Renaud, o documentarista ressaltou a importância de não valorizar um determinado perfil de vítima.
“Uma morte não é mais importante que outra”, afirmou. Lembrou que “crianças e soldados” morrem todos os dias sem ganhar destaque na mídia.
Indiretamente, Chaim fez uma crítica a quem vê e trata os correspondentes de guerra como pessoas superiores por se colocarem em situação de extremo risco para transmitir informações.
A imprensa costuma fazer essa autolouvação, retratando os jornalistas no front de guerra como heróis ou celebridades do ofício, ou ainda vítimas especiais no caso de ferimento ou morte.
Sabemos que há diferentes pesos e medidas. A perda de um repórter americano provoca maior choque e repercute mais na TV do que se fosse, por exemplo, um latino-americano ou africano.
A própria mídia faz essa hierarquização, dando mais ou menos destaque à notícia a partir de critérios como nacionalidade, raça e poder econômico dos personagens principais. Explícita seletividade.
O posicionamento realista de Gabriel Chaim é importante para desconstruir a glamourização em torno do jornalismo em geral e, especificamente, na cobertura de conflitos bélicos como o da Ucrânia.
Sem dúvida, os profissionais que estão lá, sobrevivendo a bombardeios e tiros, merecem o reconhecimento pelo trabalho de apurar a verdade no epicentro dos fatos e humanizar a guerra, porém, sem exageros.
Não se deve cair na armadilha de enxergar os jornalistas como artistas no palco da tragédia. Como ressaltou Chaim, todos naquele solo são igualmente importantes. Não há pessoa melhor do que outra.