A TV vai acabar: a internet vai matar a televisão. Todo mundo já ouviu ou leu isso em algum lugar. Na prática, essa catástrofe está longe, bem longe de acontecer. No momento em que completa 70 anos, a TV aberta se mostra forte e ainda imbatível.
O distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19 resultou em crescimento de audiência. O número de aparelhos ligados aumentou 17%. A programação conseguiu uma façanha: atrair 26% mais telespectadores jovens, faixa etária que menos se interessa por televisão.
O estudo 'Inside TV' da Kantar Ibope Media aponta acréscimo de 34 minutos no tempo médio consumido com TV nos últimos cinco anos. Na comparação de 2019 com 2018, o brasileiro viu, em média, 10 minutos a mais.
Passou de 6 horas e 7 minutos por dia para 6 horas e 17 minutos. Ou seja, gasta mais de 1/4 de seu tempo diário assistindo a telejornais, novelas, filmes, mesas redondas sobre esporte, reality shows e outras atrações.
Alvo de pesadas críticas e tentativas de boicote, a Globo se distanciou ainda mais dos canais adversários. Seu telejornalismo disparou: o Jornal Nacional chegou a alcançar média mensal de 34 pontos, índice que representa 7 milhões de telespectadores todas as noites somente na Grande São Paulo. Edições especiais de antigas novelas também tiveram desempenho superior ao de tramas inéditas da pré-pandemia.
Presente em 96% dos lares brasileiros, a TV aberta continua a ser o veículo preferido do mercado publicitário. Apesar da retração de 30% na compra de mídia no primeiro semestre, a participação da televisão subiu de 53.7% para 55% do total investido por grandes anunciantes, segundo a pesquisa Cenp-Meios realizada com 218 agências de publicidade.
De janeiro a junho, os espaços negociados nos intervalos comerciais e em ações de merchandising geraram R$ 3,1 bilhões para os canais de TV aberta. O investimento de anúncios na internet foi de R$ 1,2 bilhão no mesmo período. Os números não mentem: a boa e velha televisão está mais viva do que nunca – e bem distante de qualquer ameaça.