A morte de Cid Moreira, aos 97 anos, encerra um dos mais importantes capítulos da história do telejornalismo brasileiro. Ele não era jornalista, mas fez de sua imagem – e, especialmente, da voz poderosa – um veículo para informar o brasileiro sobre o que acontecia no Brasil e no mundo.
Vindo do rádio, o paulista de Taubaté integrou a primeira equipe do ‘Jornal Nacional’. Estava lá diante das câmeras na edição número 1, em 1º de setembro de 1969. Mais do que ler as notícias, tornou-se parte do cotidiano das famílias.
Em 1996, a Globo decidiu tirar os locutores – Cid e seu colega Sergio Chapelin – para colocar jornalistas ligados à edição do telejornal. Em março daquele ano, William Bonner e Lillian Witte Fibe assumiram como âncoras.
Após dizer ‘boa noite’ cerca de 8 mil vezes, Cid, então com 68 anos, não se conformava em sair do ‘JN’. Segundo matéria da ‘Folha de S. Paulo’, o apresentador ficou magoado com a substituição. Ele tentou falar com o dono da Globo, Roberto Marinho, para evitar sua saída do telejornal. Não foi atendido.
Para não deixar a emissora, aceitou aparecer eventualmente lendo os editoriais e fazer locuções para o ‘Fantástico’, onde acabou se reinventando ao conduzir o quadro do ilusionista ‘Mister M’. Paralelamente, impulsionou a carreira com a narração dos livros da Bíblia para uma coleção de CDs.