O clichê ‘entrevista bombástica’ se faz necessário: Ciro Gomes, ex-candidato do PDT à Presidência da República, expurgou mágoas ao falar com o repórter Gustavo Uribe, da Folha de S. Paulo.
O texto publicado na edição desta quarta-feira gerou ruidosa repercussão em portais de notícias, blogs políticos e nas redes sociais.
Um dos alvos do político foi o âncora e editor-chefe do Jornal Nacional William Bonner. Ao ser questionado pela reportagem do jornal se a imprensa ajudou a eleger Jair Bolsonaro, Ciro atacou: “A arrogância do (William) Bonner achando que podia tutelar a nação brasileira, falar pela nação brasileira”.
A reação crítica ao poderoso jornalista da Globo pode ser interpretada como consequência do embate de Ciro com Bonner e a apresentadora e editora-executiva do JN, Renata Vasconcellos, quando o então presidenciável pedetista foi sabatinado na bancada do telejornal, em agosto.
Na ocasião, apesar de não ter tido nenhuma reação explosiva, ele se mostrou incomodado com as longas perguntas e as muitas contestações de suas respostas.
Pelo desabafo feito na Folha, Ciro Gomes não aceita Bonner como ‘o dono da verdade’ do jornalismo televisivo. Nem o considera representante da voz do povo.
Em outro trecho da entrevista ao jornal paulista, o ex-governador do Ceará negou que haja risco iminente ao trabalho dos jornalistas brasileiros. “É muito epidérmica a nossa sensibilidade. Não acho que tem havido nenhuma ameaça à liberdade de imprensa até aqui.”
No peculiar estilo ‘Ciro sincerão’, ele aproveitou para cutucar a cobertura da eleição: “A imprensa brasileira nepotista e plutocrata como é parte responsável também por essa tragédia (a eleição de Bolsonaro)”.
O repórter ainda quis saber a opinião do líder da esquerda a respeito dos ataques feitos pelo presidente eleito ao jornal. “A Folha tem capacidade de reagir a isso e precisa ter também um pouco de humildade, de respeitar a crítica dos outros”, respondeu Ciro, sem filtro, como sempre.
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