O ‘BBB23’ foi bem-sucedido em apenas um aspecto: o comercial. Rendeu cerca de R$ 1 bilhão entre cotas de patrocínio e ações avulsas de merchandising. O maior faturamento desde a 1ª edição em 2002.
De resto, decepcionou. Teve queda no número de votos nos paredões, menos engajamento nas redes sociais, reduzida empolgação off-line e a pior média de audiência da história.
Ainda que o elenco seja montado com base em perfis estereotipados prevendo o comportamento de cada participante, o resultado do programa está sempre à mercê da imprevisibilidade.
Não seria um problema se a direção conseguisse reverter ‘plantas’ e atiçar maior energia coletiva. O que se vê é a incapacidade de manobrar as várias peças do jogo para entregar o entretenimento prometido.
O formato aberto do ‘Big Brother’ permite gerar mudanças constantes no pensamento e nas atitudes na casa a partir de provas, dinâmicas e mensagens subliminares. Desestruturar os confinados está na gênese do ‘Grande Irmão’ criado nos Países Baixos em 1999.
Mas, inexplicavelmente, a direção prefere deixar as rédeas do programa nas mãos dos competidores. E a maioria deles não sabe o que fazer, seja por incompetência, preguiça ou medo.
A consequência é uma edição enfadonha, frustrante, sem nenhum fenômeno de popularidade e com uma campeã – seja ela quem for – sem o devido mérito. Temporada facilmente esquecível.
Na opinião de muitos, este é o pior ‘BBB’ de todos os tempos. Curiosamente, espelha o período mais tenso vivido pela própria Globo, que completa 58 anos nesta quarta-feira, 26 de abril.
A emissora continua líder no Ibope, porém, não arrebata mais os telespectadores. Além disso, acumula contratempos. Enfrenta, por exemplo, a interminável polêmica entre Patrícia Poeta e Manoel Soares no ‘Encontro, a perda de 20% de noveleiros com a insossa ‘Travessia’ e dois anos consecutivos de prejuízo no balanço financeiro.
O flagrante desânimo com o ‘BBB23’ simboliza a apatia com a própria TV aberta. A programação está repetitiva, sem criatividade e desconectada da expectativa da maioria de nós.
Apesar de tudo isso, o reality show não vai acabar, a Globo não irá falir, a televisão não será superada tão cedo, porém, o recado está dado pelos números: ou mudam, ou vão se distanciar cada vez mais do público e do sucesso.