O fundador da Globo, Roberto Marinho, dizia que em TV ninguém é insubstituível. Mas alguns profissionais da emissora carioca se mostram intocáveis.
Galvão Bueno é um deles. Há décadas está agarrado ao status de principal narrador esportivo do canal. Possui o privilégio de escolher qual evento quer transmitir, seja futebol, vôlei ou Fórmula 1.
Transformou-se em personagem de si mesmo. Uma celebridade do vídeo e na internet: produz mais memes do que qualquer outro famoso brasileiro.
Sua locução é um show à parte, com berros, gafes e muitas críticas interpretadas como mimimi. Até William Bonner imitou seu grito estridente no ‘Jornal Nacional’ de sexta-feira (29).
Quando o assunto é Seleção Brasileira não existe dúvida: Galvão tem escalação automática. Na Copa da Rússia, todos os jogos do time de Tite serão narrados por ele, in loco. Essa preferência – incontestável internamente – exclui os outros dois locutores esportivos enviados a Moscou, Cléber Machado e Luís Roberto.
Ambos se destacam pelo bom humor. Oferecem ao telespectador uma prosa agradável durante as partidas. Além de análises precisas a respeito do que acontece em campo. Isso tudo sem nunca roubar a cena dos protagonistas do espetáculo: os jogadores e a bola.
Já Galvão se tornou alvo fácil pelo excesso de críticas, cobranças e pitacos: hábito este que provocou uma crise recente em sua amizade com Neymar. Mas nada abala seu prestígio na Globo. Ninguém ousa contestá-lo.
Com numeroso fã-clube, Cléber Machado e Luís Roberto mereceriam narrar algum jogo da Seleção na Copa. Um rodízio seria saudável à cobertura jornalística da emissora. Mas tudo indica que isso acontecerá somente após a aposentadoria de Galvão, que completa 68 anos no próximo dia 21.
Com contrato até 2022, ele quer participar da Copa do Catar. Cogita ser comentarista ao invés de narrador. Será que conseguiria se conter numa posição coadjuvante nas transmissões? Como o próprio Galvão diz, “haja coração”.