José Luiz Datena saiu da sede da Band, no bairro do Morumbi, em São Paulo, e foi até São Sebastião, no Litoral Norte, para mostrar a tragédia provocada pelas fortes chuvas.
Ao andar por uma área de risco, onde houve deslizamento de terra, o jornalista de 65 anos se desequilibrou e caiu de joelho. “É muito difícil, mas eu vou tentar”, avisou.
Levantou-se para tentar seguir. Não conseguiu dar nenhum passo. Afundou os pés na lama e caiu sentado.
Imobilizado pela terra molhada, ele sentiu na pele o drama das vítimas. “Foi assim que as pessoas morreram, você não consegue tirar o pé.”
Mesmo alto e forte, ele demonstrou cansaço ao lutar contra o lamaçal. Precisou da ajuda de sua equipe para ficar de pé. Emocionou-se ao comentar o drama de quem não conseguiu se salvar.
“Eu imagino o desespero dessas pessoas para sair dessa massa de lama. Meu Deus! Foi assim que as pessoas morreram”, disse, afobado.
“Eu tô aqui imaginando a agonia das pessoas presas e tentando sair dessa tumba armada pela natureza. É impossível, quando a lama vem, alguém sair daqui. Imagine crianças, mulheres, pessoas de idade...”
O esforço do veterano apresentador merece reconhecimento. Ele saiu de sua zona de conforto para ir ao encontro da notícia.
Poderia ter continuado a conduzir a cobertura no confortável estúdio do ‘Brasil Urgente’, com ar-condicionado e nenhum risco à saúde.
Mostrou não ter perdido a alma de repórter, função desempenhada por ele ao longo de muitos anos antes de se tornar apresentador.
Lugar de jornalista é na rua. Estar no epicentro da notícia melhora a percepção dos acontecimentos e contribui para relatos mais autênticos.
Lamentavelmente, poucos âncoras de telejornal foram enviados ao cenário da catástrofe no Litoral Paulista. Os relatos completos têm sido feitos por repórteres no local.
Uma exceção foi a GloboNews, que deslocou Bete Pacheco do estúdio da capital paulista para São Sebastião, de onde ela ancorou o ‘Conexão’. Sua presença fez a diferença, assim como ocorreu com a experiência de Datena exibida na TV.