A demissão de dezenas de funcionários de uma só vez deixou de ser exceção no mercado de TV aberta. Mais do que provável, se tornou previsível. Os grandes canais estão numa busca constante por redução de custos para fechar as contas no azul.
A Globo, a Record e o SBT reduziram de 10% a 20% da folha de pagamento. Em um negócio que prioriza a criatividade, dispensar talentos humanos deveria ser o último recurso, porém, tem sido a saída emergencial, já que os encargos trabalhistas são um dos maiores pesos no orçamento de qualquer empresa.
Muita gente não entende como um canal que fatura anualmente na casa do bilhão ou dos bilhões de reais está sempre em situação financeira complicada. Para compensar os gastos com as operações – aluguel de satélite, compra e manutenção de equipamentos, verbas de produção dos programas etc. – e dar algum lucro, as receitas precisariam ser bem maiores.
Acontece que, antes, a televisão reinava absoluta entre as agências de publicidade que distribuem os investimentos de seus anunciantes. Isso mudou. Hoje, a internet recebe quase o mesmo valor em propaganda e deve superar a TV em breve, talvez já em 2025.
Sempre se falou que “televisão é um brinquedo caro”. Mais verdade, impossível. O que mantém a maioria das emissoras acima da linha do prejuízo são os rendimentos de aplicações financeiras e eventuais empréstimos bancários com vencimentos a longo prazo. Há cada vez menos dinheiro para investir na renovação da programação, por isso, as novidades são raras, frustrando o telespectador.
A tendência é o enxugamento do quadro de funcionários continuar, com mais dispensas nos próximos meses. Tradicionalmente, o 1º semestre de todo ano apresenta dificuldades maiores ao mercado audiovisual. Por enquanto, não se vê luz no fim do túnel.