Denúncias de sexo por interesse e assédio deixam a Globo em situação delicada

Denúncia envolvendo um diretor poderoso ressalta um aspecto tóxico de se trabalhar em televisão

22 mar 2023 - 07h19

A Globo se vê envolvida em mais um escândalo sexual. O diretor de novelas Leonardo Nogueira, marido de Giovanna Antonelli, nega a acusação de prometer a uma atriz um papel na próxima trama das 19h, ‘Fuzuê’, em troca de sexo.

Ele afirma ser vítima de crime. “Tentaram me extorquir”, diz em post no Instagram. O caso virou investigação policial, processo na Justiça e tem sido acompanhado na emissora da família Marinho pelo Compliance, o setor que analisa denúncias de funcionários e colaboradores.

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O episódio veio à tona dias após Marcius Melhem se manifestar na ‘Folha de S. Paulo’ contra as acusações de assédio apresentadas por Dani Calabresa e outras subordinadas na época em que ele comandava o departamento de humor da TV.

Na entrevista, o comediante alega que as acusadoras supostamente dificultam o curso da investigação para impedir a conclusão do processo. “São quase 30 meses com a carreira parada esperando uma definição. Tempo maior que a pena máxima do assédio que não cometi”, reclama.

Essas ocorrências – somadas à demissão do ator José Mayer sob a acusação de assediar uma figurinista – provocam profundo constrangimento à Globo. Reforçam no imaginário popular a existência do ‘teste do sofá’, ou seja, o sexo usado como moeda de troca entre quem tem poder e alguém em busca de oportunidade no canal.

O assédio sexual acontece em todos os segmentos da sociedade, comprovadamente. Do ambiente corporativo ao esporte, das salas de aulas à igreja. Não diferiria na televisão, local marcado por vaidade, ambição e reafirmação de influência.

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Quem atua no jornalismo de entretenimento escuta frequentes boatos de relações eticamente impróprias atrás das câmeras. Tanto de profissionais de cúpula que assediam como de iniciantes que se oferecem a fim de conseguir uma grande chance na TV. Mas são exceções.

Quando surge uma denúncia, verídica ou não, envolvendo a Globo, o problema atrai os holofotes. A única maneira de combater tal prática é o apoio às vítimas, a devida punição aos assediadores e a eventuais criadores de falsas acusações, além da transparência ao lidar com a questão.

A emissora não comenta os procedimentos internos de Compliance. Esse sigilo é compreensível para preservar os envolvidos, porém, suscita ainda mais rumores e a impressão de que não toma medidas firmes para coibir novas infrações do gênero.

Importante ressaltar que todo canal de TV, ainda que de propriedade privada, funciona a partir de uma concessão púbica cedida pelo governo. À Globo, agir com clareza é imprescindível para dar uma resposta à sociedade e mostrar o compromisso contra qualquer tipo de abuso entre seus contratados.

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Casos de assédio sexual e envolvimento baseado em troca sexual são exceções na TV, mas povoam o imaginário popular
Casos de assédio sexual e envolvimento baseado em troca sexual são exceções na TV, mas povoam o imaginário popular
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV
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