A Globo se vê envolvida em mais um escândalo sexual. O diretor de novelas Leonardo Nogueira, marido de Giovanna Antonelli, nega a acusação de prometer a uma atriz um papel na próxima trama das 19h, ‘Fuzuê’, em troca de sexo.
Ele afirma ser vítima de crime. “Tentaram me extorquir”, diz em post no Instagram. O caso virou investigação policial, processo na Justiça e tem sido acompanhado na emissora da família Marinho pelo Compliance, o setor que analisa denúncias de funcionários e colaboradores.
O episódio veio à tona dias após Marcius Melhem se manifestar na ‘Folha de S. Paulo’ contra as acusações de assédio apresentadas por Dani Calabresa e outras subordinadas na época em que ele comandava o departamento de humor da TV.
Na entrevista, o comediante alega que as acusadoras supostamente dificultam o curso da investigação para impedir a conclusão do processo. “São quase 30 meses com a carreira parada esperando uma definição. Tempo maior que a pena máxima do assédio que não cometi”, reclama.
Essas ocorrências – somadas à demissão do ator José Mayer sob a acusação de assediar uma figurinista – provocam profundo constrangimento à Globo. Reforçam no imaginário popular a existência do ‘teste do sofá’, ou seja, o sexo usado como moeda de troca entre quem tem poder e alguém em busca de oportunidade no canal.
O assédio sexual acontece em todos os segmentos da sociedade, comprovadamente. Do ambiente corporativo ao esporte, das salas de aulas à igreja. Não diferiria na televisão, local marcado por vaidade, ambição e reafirmação de influência.
Quem atua no jornalismo de entretenimento escuta frequentes boatos de relações eticamente impróprias atrás das câmeras. Tanto de profissionais de cúpula que assediam como de iniciantes que se oferecem a fim de conseguir uma grande chance na TV. Mas são exceções.
Quando surge uma denúncia, verídica ou não, envolvendo a Globo, o problema atrai os holofotes. A única maneira de combater tal prática é o apoio às vítimas, a devida punição aos assediadores e a eventuais criadores de falsas acusações, além da transparência ao lidar com a questão.
A emissora não comenta os procedimentos internos de Compliance. Esse sigilo é compreensível para preservar os envolvidos, porém, suscita ainda mais rumores e a impressão de que não toma medidas firmes para coibir novas infrações do gênero.
Importante ressaltar que todo canal de TV, ainda que de propriedade privada, funciona a partir de uma concessão púbica cedida pelo governo. À Globo, agir com clareza é imprescindível para dar uma resposta à sociedade e mostrar o compromisso contra qualquer tipo de abuso entre seus contratados.