Um debate a respeito da instalação da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito dos Atos Criminosos de 8 de janeiro em Brasília gerou uma discussão entre dois deputados federais no ‘Visão CNN’.
Apesar de ser contra a CMPI, Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro Zé Dirceu e membro da base de Lula, pediu a responsabilização judicial dos culpados.
“... que haja investigação rigorosa e que todos sejam punidos. Nós defendemos a tese ‘sem anistia’, enquanto alguns estão querendo passar pano para aqueles que tentaram dar um golpe, aqueles que são sim terroristas...”
Autor do requerimento de instalação da comissão mista, o deputado André Fernandes (PL-CE), de oposição ao governo, fez uma provocação ao oponente.
“Deputado Zeca Dirceu, com todo o respeito, mas é muita incoerência da sua parte defender o ‘sem anistia’, quando o maior beneficiário da Lei da Anistia foi o seu pai, que se não fosse perdoado em 1979 ainda hoje estaria foragido”, disse. “Mas como não vem ao caso...”
Zeca subiu o tom ao interromper André. “Se não vem ao caso, não deveria estar tratando aqui. É falta de respeito você apresentar o nome de alguém que não está participando do debate. Falta de respeito, falta de caráter...”
Falando ao mesmo tempo que o colega de Câmara, André Fernandes reagiu com ironia. “Deputado, calminha, calminha, calminha, deputado... Calminha.”
A âncora Luciana Barreto precisou intervir para diminuir a tensão entre os debatedores. Seu apelo por ordem foi ignorado por alguns segundos, até que ela conseguiu retomar a palavra.
Líder do movimento estudantil da década de 1960, Zé Dirceu participou ativamente de ações contra a ditadura militar. Ficou exilado no exterior de 1969 a 1975. Nos quatro anos seguintes viveu clandestinamente no Paraná. Em 1979, ele foi favorecido pela Lei da Anistia. Pouco depois, ajudou a fundar o PT.