A cúpula da Jovem Pan News agiu mais rápido do que Jair Bolsonaro diante do resultado das urnas.
Enquanto o presidente derrotado adotava o silêncio e o autoisolamento, o grupo de comunicação começou uma guinada ideológica.
Famigerada pela defesa cega do bolsonarismo e o espaço privilegiado para o discurso que flerta com o reacionarismo, a JP sinaliza a intenção de sacrificar a linha editorial para sobreviver.
Entre as demissões, estão a de seu principal âncora, Augusto Nunes, um apresentador pop, Caio Coppolla, e um comentarista veterano, Guilherme Fiuza. O trio ecoava ataques diários contra a esquerda e o agora presidente eleito, Lula.
A dispensa de figuras importantes da equipe, logo após a eleição, está sendo interpretada como um aceno ao futuro ocupante do Palácio do Planalto e seu entorno de poder.
Indica ainda a intenção de mostrar ao mercado publicitário que a emissora será mais plural. Com isso, anunciantes incomodados com o partidarismo do canal poderão se aproximar e investir nos intervalos.
Há também o interesse nas verbas publicitárias do governo federal. Todas as emissoras querem uma fatia.
Em 2022, a União teve à disposição para propaganda institucional R$ 372,3 milhões, segundo o Portal da Transparência.
A partir de 2023, essa quantia deve aumentar. Historicamente, as administrações do PT gastam muito com anúncios em TV.
A Globo, por exemplo, faturou entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões por ano durante as gestões de Lula e Dilma Rousseff em Brasília.
Quem imaginou que a Jovem Pan News seria o canal mais crítico ao novo presidente pode se surpreender.
A rede de comunicação comandada por Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, deve se movimentar à esquerda para garantir a sobrevivência do negócio.