Dez mudanças na televisão aberta nestes 10 anos do blog ‘Sala de TV’ 

Novelas com menos público, Inteligência Artificial, aposentadoria de ídolos, ascensão dos atores pretos, fake news e outras novidades

28 abr 2024 - 14h27

Neste 28 de abril, o Sala de TV completa uma década. Foram cerca de 8 mil postagens entre notas, matérias, artigos e entrevistas. Em foco, a análise da programação, os bastidores das emissoras e uma visão crítica sobre as celebridades e a mídia em geral. 

Neste período, a boa e velha televisão aberta (inaugurada no Brasil em setembro de 1950), perdeu força, mas mantém relevante influência sobre a maioria dos brasileiros. Ainda é a principal fonte de informação e entretenimento nas residências. 

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Algumas transformações impostas ao mais popular veículo de comunicação nestes 3.653 dias de existência do blog: 

Concorrência nova e dinâmica – Neste período, a TV paga se fortaleceu com conteúdo inovador e o streaming atraiu milhares de assinantes. As grandes emissoras se viram obrigadas a criar suas próprias plataformas digitais. Muitos brasileiros perderam o hábito de ver televisão todos os dias. 

Novelas com menos público - Há 10 anos, o horário das 21h da Globo era ocupado por ‘Em Família’. Rejeitada, a trama marcou média de 29 pontos no Ibope. Dali para frente, a maioria das produções do horário não conseguiu superar a meta de 30 pontos. Houve sucessos pontuais, como ‘O Outro Lado do Paraíso’ (38 pontos), e o recorde negativo com ‘Um Lugar ao Sol’ (22 pontos). 

Atores perderam status – Os artistas das novelas eram as maiores celebridades do país. Isso mudou. Agora são os grandes influenciadores digitais. Eles passaram a atrair anunciantes e estrelar campanhas publicitárias. O glamour e o poder em torno dos atores da TV foram esvaziados. Na Globo, as estrelas ficaram sem os contratos de longa duração. 

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Telebarracos e policialescos enfraquecidos – O sensacionalismo perdeu espaço na TV aberta. O ‘Casos de Família’ (SBT) saiu do ar. Jornalísticos sangrentos, a exemplo do ‘Cidade Alerta’ (Record), registram audiência menor do que na época do lançamento do ‘Sala de TV’. 

Telejornais em luta contra as fake news – A desinformação criada e espalhada nas redes sociais se tornou a grande concorrente do jornalismo profissional. A Globo chegou a criar o quadro ‘Fato ou Fake’, exibido em telejornais, para desmentir posts mentirosos. 

Programação infantil minguada – A televisão apelidada ‘babá eletrônica’ por prender a atenção das crianças e dar liberdade aos pais para fazer atividades cotidianas agora oferece poucas opções ao telespectador mirim. As restrições legais à publicidade infantil desestimularam os canais a investir nesse perfil de público. A criançada tem agora a internet como maior fonte de distração. 

A Inteligência Artificial chegou chegando – Pouco falado anos atrás, o recurso está sendo cada vez mais usado pelas principais emissoras. Na Globo, a tecnologia de reconhecimento facial fez uma câmera exclusiva ‘seguir’ o líder da semana o tempo todo no ‘BBB24’. Na série ‘Justiça 2’ (disponível no Globoplay e, futuramente, com exibição na emissora de sinal aberto), o ‘deepfake’ – inserção do rosto de uma pessoa no corpo de outra – foi aplicado nas cenas em que o ator Luciano Mallmann, que é cadeirante, aparece em pé e andando antes do personagem sofrer a lesão.  

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Grandes artistas aposentados – A última década marcou a saída de cena de alguns dos maiores apresentadores do entretenimento. Entre eles, Silvio Santos e Faustão. Apesar disso, houve pouca renovação. As emissoras demonstram dificuldade em lançar novos condutores de programas populares. Dos novatos com bom desempenho no vídeo, destaca-se João Guilherme Silva (filho de Fausto Silva) na Band. 

Artistas e jornalistas podem se declarar não-héteros - Desde a criação do blog houve aumento da liberdade para que apresentadores (inclusive de telejornal), repórteres e atores se declarem gays, bissexuais, pansexuais ou outra definição dentro do guarda-chuva LGBTQIAP+. Antes, prevalecia o medo de que a carreira fosse prejudicada. 

Diversidade racial e de gênero - Atores pretos eram, quase sempre, escalados para papéis coadjuvantes nas novelas e séries. Grandes talentos foram desperdiçados ao longo de décadas. A Record e, especialmente, a Globo, corrigiram esse erro nas produções de teledramaturgia nos últimos anos. Pretos agora aparecem como protagonistas. Houve também a queda da barreira contra atores declaradamente gays e os transexuais. A representatividade virou uma regra na TV.

A televisão faz parte da cultura brasileira e não merece ser desprezada. Vista com preconceito por parte dos intelectuais, o veículo presta valiosos serviços à população. Imperfeita e fascinante, às vezes tendenciosa e também propulsora de evoluções na sociedade, a telinha é ótima companhia a quem sabe usar o controle remoto e pensa com a própria cabeça.

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Um agradecimento especial à jornalista Mariana Lanza, do Terra, que desde o primeiro dia até hoje sempre apoiou o blog e defendeu a liberdade de expressão neste espaço.

Alguns dos personagens que representam as mudanças na televisão nestes 10 anos do blog 'Sala de TV'
Alguns dos personagens que representam as mudanças na televisão nestes 10 anos do blog 'Sala de TV'
Foto: Reprodução/Divulgação
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