Impossível não traçar um paralelo entre a eleição de João Doria para a prefeitura de São Paulo e a vitória de Donald Trump na corrida presidencial americana.
São dois 'não políticos' - outsiders, como gostam de frisar analistas políticos da TV - que eram conhecidos no meio empresarial e na alta sociedade e se tornaram realmente famosos ao comandar o reality show de negócios O Aprendiz.
Donald Trump estreou o formato no canal NBC em 2004. Além de apresentador, ele também é produtor da atração. Comandou 14 edições - a próxima, a partir de janeiro, terá como âncora o ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger.
No auge, The Apprentice com Trump chegou a ter 28 milhões de telespectadores - a temporada mais recente, exibida em 2015, atraiu 6 milhões de pessoas no episódio final.
Na Record, João Doria comandou duas edições do programa. Uma em 2010 (Aprendiz Universitário) e a outra no ano seguinte (Aprendiz Empreendedor).
Antes dele, Roberto Justus esteve à frente de seis edições (entre 2004 e 2009) e reassumiu a apresentação do reality nas temporadas de 2013 e 2014.
Doria e Trump são velhos conhecidos. O prefeito eleito da capital paulista entrevistou o bilionário americano para seu programa na Band, em 1988.
Há no escritório de Doria uma foto do encontro. Mas, durante a campanha, ele afirmou que, se fosse eleitor americano, votaria na democrata Hillary Clinton.
Será que Doria recusaria um convite de Trump para conhecer o Salão Oval? A trilha sonora não poderia ser outra: "Money, money, money, money… moooney", o refrão de For The Love of Money (Pelo Amor ao Dinheiro), tema de abertura de O Aprendiz gravado pelo grupo The O'Jays em 1973.