"É como se você estivesse vendo o terror acontecer na sua frente", diz correspondente sobre guerra entre Israel e Hamas

Paola de Orte contou que já está acostumada a correr para os abrigos quando soam as sirenes e diz que mantém contato direto com a família

30 out 2023 - 10h55
(atualizado às 11h27)
Paola de Orte
Paola de Orte
Foto: Reprodução/Instagram/@paoladeorte

A correspondente da Globo Paola de Orte contou em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo como tem sido sua rotina na cobertura da guerra entre Israel e Hamas. Segundo a jornalista, ela já está acostumada a correr para os abrigos quando soam as sirenes de alerta, sabe quais são os protocolos de segurança caso não consiga chegar em um bunker e diz que mantém contato direto com a família.

"Nos primeiros dias, recebi uma enxurrada de mensagens perguntando se eu estava bem e em segurança. Era uma pergunta difícil de responder, e não tive tempo de retornar a todos. Uma professora da 1ª série do ensino fundamental me viu na TV e escreveu, eu não falava com ela desde essa época, então imagine o tamanho do volume de mensagens", disse.

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"Minha mãe tem sido excelente. Ela nunca me deixa nervosa, nem pressiona para eu voltar ou deixar de fazer meu trabalho. Ela sabe o quão a sério eu levo a minha missão, e entende meu lado. Ela mantém a calma, mesmo quando eu aviso que estou indo para o front. Só pergunta exatamente onde, vai checando durante o dia", acrescentou.

Desde 2021, Paola de Orte atua como enviada da GloboNews a Tel Aviv. Com a guerra, suas reportagens também passaram a ser exibidas pelos outros jornais do Grupo Globo, como o Jornal Nacional.

A jornalista trabalha acompanhada de dois cinegrafistas estrangeiros e afirma que já conhece bem a região, o que é fundamental para o trabalho. "Reportar sobre lugares que eu conheço e que não são só nomes em uma mapa me dá também a confiança de que a informação que estou passando para quem assiste é fidedigna e contextualizada no tempo."

Segundo Paola, ela escuta com frequência os alertas sonoros das sirenes, que indicam que é preciso correr para um abrigo. "No Sul do País, tem todos os dias. Em Tel Aviv, em quase todos... O duro é quando estamos cobrindo na rua, aí tem que achar um abrigo, mas nem sempre é fácil, porque o tempo é curto. Às vezes, é preciso se jogar no chão olhando para baixo e ficar com o braço cruzado na nuca... é uma cobertura intensa", ressalta. 

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Quando sai de casa, ela diz que leva uma garrafa de água, uma barrinha de proteína, o colete à prova de balas, o capacete e o filtro solar. 

Sobre as cenas que têm presenciado na região, ela afirma que uma das mais chocantes foi a festa atacada pelo Hamas. "Estar lá é como se você estivesse vendo o terror acontecer na sua frente." 

Paola também relata que, como os jornalistas não podem entrar na Faixa de Gaza, a cobertura da região tem sido feita principalmente por meio de celular. "Recebo relatos emocionantes dos brasileiros que estão esperando perto da fronteira, de funcionários da ONU e de outros moradores."

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Entenda os principais pontos da guerra entre Israel e Hamas:

  • O número de mortos em Gaza continua crescendo; 7.326 palestinos já morreram, sendo 1.726 mulheres, além de 18.967 feridos;
  • Do lado israelense são 1.405 mortos (a maioria vítima dos ataques em 7 de outubro), sendo 308 militares, 58 agentes da polícia, além de 5.431 feridos; não há informações conclusivas sobre o número de reféns levados pelo Hamas, quantia pode chegar a 200 pessoas;
  • O Hamas é uma organização militar, política e social que comanda a Faixa de Gaza desde 2007, quando venceu as eleições legislativas palestinas. O grupo é considerado uma organização terrorista por países da União Europeia e pelos Estados Unidos, mas não pela ONU;
  • A Faixa de Gaza vive sob um intenso bloqueio terrestre, aéreo e marítimo, com restrições de entrada de suprimentos básicos, desde 2007, sendo considerada uma 'prisão a céu aberto' por analistas, pesquisadores e entidades de direitos humanos;
  • Os palestinos reivindicam a criação de seu estado (que inclui a Cisjordânia) desde 1948; 
  • Em 7 de outubro, o Hamas realiza a maior onda de ataques contra Israel;
  • Benjamin Netanyahu declara guerra ao Hamas e fala em destruir o grupo; 
  • Israel intensifica o bloqueio a Faixa de Gaza cortando o abastecimento de energia elétrica, combustível e água, criando uma crise humanitária sem precedentes em Gaza;
  •  Hamas ameaça matar os reféns israelenses em retaliação à resposta militar israelense;
  •  Israel prepara uma invasão terrestre à Gaza;
  • Entidades alertam para o risco de agravamento da crise humanitária em Gaza. Com os hospitais e necrotérios sobrecarregados, palestinos usam carros de sorvete e refrigeradores de alimentos para armazenar corpos;
  • 1 milhão de palestinos deixaram as suas casas em busca de refúgio no sul de Gaza; a população total da Faixa de Gaza é de 2.3 milhões, sendo 47% crianças;
  • Bombardeio ao hospital Hospital Batista Al-Ahli, em Gaza, deixou ao menos 500 mortos; Israel acusa Jihad Islâmica do bombardeio, grupo nega;
  • Representante palestino na ONU pede um cessar-fogo imediato;
  • Governo já repatriou mais de 1.135 brasileiros na operação Voltando em Paz;
  • Estados Unidos veta a resolução brasileira no Conselho de Segurança da ONU;
  • A terceira Igreja mais antiga do mundo, a São Porfírio, localizada na Faixa de Gaza, foi bombardeada na noite de quinta-feira, 19;
  • Hamas liberta duas reféns norte-americanas, negociação foi feita por intermédio do Catar;
  • Mais de 100 caminhões aguardam no lado egípcio da fronteira de Rafah para entrar em Gaza com ajuda humanitária.
Fonte: Redação Terra
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