Na noite de segunda-feira (18), boa parte do Brasil enfrentou baixas temperaturas às vésperas do início do inverno. Mas na Salvador de Segundo Sol o clima esquentou – e muito! O telespectador acompanhou sequências de sexo de três casais.
Karola (Deborah Secco) e Remy (Vladimir Brichta) se atracaram no sofá do barraco calorento onde a golpista mora temporariamente. Valentim (Danilo Mesquita) levou Rosa (Letícia Colin) para o casarão comunitário e enfim teve a primeira transa com sua musa inspiradora. Em seu quarto na mansão, Rochelle (Giovanna Lancellotti) fez sexo com o namorado Narciso (Osmar Silveira), com direito a semi-striptease do rapagão.
O autor da novela, João Emanuel Carneiro, parece determinado a estimular os hormônios dos telespectadores da faixa das 21h da Globo.
Já foi mostrado até o bumbum malhado de Ícaro, ou melhor, do ator Chay Suede, e inúmeras outras cenas entre os lençóis.
Em comparação à antecessoras recentes, Segundo Sol é quase um pornô-soft (gênero sensual sem ser vulgar). O sexo será inserido frequentemente nas variadas tramas.
Há de tudo: sexo por mero instinto (Karola e Remy), sexo por dinheiro (Laureta e Ícaro), sexo egocêntrico (Rochelle e Narciso), sexo como manipulação (Doralice e Ionan) e até, vejam só, sexo com amor (Luzia/Ariella e Beto/Miguel).
Aliás, as ‘mocinhas’ costumam ter pouco prazer nos folhetins contemporâneos. Luzia só teve dois encontros sexuais longos com Beto. O segundo deles, 18 anos após a separação.
Na novela anterior, O Outro Lado do Paraíso, a heroína justiceira Clara (Bianca Bin) perdeu a virgindade ao ser estuprada pelo marido, Gael (Sergio Guizé), na noite de núpcias e só foi descobrir o orgasmo no último capítulo, com Patrick (Thiago Fragoso).
A visibilidade do sexo em Segundo Sol, ainda que comportada (atrizes sempre com belas lingeries, nunca seminuas), parece uma provocação à onda conservadora que castrou boa parte do País nos últimos tempos.
O brasileiro é visto como um povo liberal e até despudorado. Mas essa fama está mais baseada em teoria do que em prática. Um exemplo: enquanto uma mulher pode fazer topless sem ser incomodada num parque de Nova York ou numa praia europeia, aqui, no País da bunda e do silicone, ela seria presa por atentado ao pudor.
A desmistificação do sexo nas novelas se mostra necessária para influenciar uma sociedade ainda tão machista, falocêntrica e moralista como a brasileira. Ganha ainda mais importância quando mostra personagens femininas sendo donas do próprio prazer. Em Segundo Sol, o tal sexo frágil é, na verdade, o sexo mais forte.
A motivação para sexualizar os folhetins da TV está associada ao interesse do público. Os autores não precisam de pesquisas de opinião para saber o óbvio: sexo gera audiência. E a telenovela nada mais é do que um estimulante diário à fantasia do telespectador.