“A gente começa, infelizmente, falando sobre o racismo nosso de cada dia que, felizmente, está sendo cada vez mais filmado e denunciado para que não seja tolerado”, disse Maju Coutinho na abertura do ‘Jornal Hoje’ de segunda-feira (9).
A âncora se referia ao caso do homem negro abordado por seguranças em um supermercado de Limeira, interior paulista. Acuado ao se ver sob suspeita, ele tirou a roupa para provar que não havia furtado nenhum produto. Sentindo-se humilhado, chorou diante de funcionários do estabelecimento e outros clientes.
O episódio de flagrante racismo estrutural foi amplamente repercutido nos telejornais. Alguns dos jornalistas que deram a notícia diante das câmeras também são negros, assim como o acusado.
No ‘Edição das 18h’, da GloboNews, coube ao repórter Marcus Vinícius Anjos transmitir detalhes do fato. A apresentadora Luciana Barreto foi quem leu a informação no ‘CNN Novo Dia’ desta terça-feira (10).
A pele escura de Maju, Marcus e Luciana raramente era vista entre âncoras e repórteres de TV até pouco tempo. Apesar de pardos e pretos serem mais de 50% da população do País, de acordo com o censo do IBGE, os negros sempre foram exceções no telejornalismo. Os precursores Gloria Maria, Dulcinéia Novais e Heraldo Pereira eram referências isoladas.
Hoje, as emissoras buscam ampliar a diversidade étnica. Negros e negras ainda são minoria no principal veículo de comunicação de massa, porém, sua presença tem imensurável valor sociológico e poder de influência, especialmente sobre as novas gerações.
A televisão sempre pretendeu ser um reflexo do povo, então deve refletir todos os tons de pele de seus telespectadores.