Entrevista de Rita Lee a Bial já é uma das melhores do ano

Cantora abriu o jogo sobre violência sexual, drogas e até perguntou do ‘BBB’

4 mai 2017 - 12h59

Pedro Bial ouve mais do que fala. Esta é, indiscutivelmente, a melhor característica de seu talk show nos fins de noite da Globo.

Há outro diferencial valioso: quando se propõe a falar, o jornalista sabe bem o que diz. Não é refém de perguntas óbvias preparadas pela produção. Demonstra dedicação à pauta e interesse genuíno pelo entrevistado.

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Bial e Rita: bom humor em papo sobre rock e comportamento.
Bial e Rita: bom humor em papo sobre rock e comportamento.
Foto: TV Globo / Divulgação

Isso ficou evidente no bate-papo com Rita Lee na madrugada desta quinta-feira (4). Bial sabia detalhes das entrelinhas da autobiografia lançada pela roqueira e recordou encontros que teve com ela em shows, antes de se tornar repórter e, depois, já consolidado na TV.

E Rita, aos 69 anos, deu um inebriante show de carisma e sinceridade. Falou abertamente sobre violência sexual na infância, dependência de drogas, a experiência como ‘muambeira de LSD’, sonhos eróticos, repressão na ditadura, libertação feminina e outros temas evitados pela maioria dos artistas quando estão diante das câmeras. Até surpreendeu Bial ao questioná-lo a respeito do ‘Big Brother Brasil’.

No palco, figurinos icônicos da carreira da cantora conduziram a plateia a uma viagem no tempo. O jornalista Guilherme Samora, editor da revista ‘Quem’ e espécie de filho postiço de Rita Lee, ajudou a rememorar momentos históricos, como um especial exibido na Globo, em setembro de 1980, no qual ela cantou um de seus maiores sucessos, ‘Lança Perfume’.

A exibição de imagens de arquivo, aproveitando o rico acervo da emissora, deu um tom nostálgico ao programa e, ao mesmo tempo, fez-se merecida homenagem à rainha do rock nacional, presenciada por alguns familiares e amigos no estúdio.

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Com a tranquilidade de quem está seguro de sua erudição, sem sentir necessidade de expô-la a cada comentário, Pedro Bial conduziu a entrevista com leveza e, generoso, inúmeras vezes levantou a bola para a entrevistada cortar. Ele acerta ao não competir com o convidado pelos holofotes – comportamento raríssimo entre apresentadores do gênero.

A TV aberta está carente de mais conversas com Bial. Aqueles 45 minutos precisam ser multiplicados para suprir a demanda de telespectadores cansados de tanta superficialidade e cabotinismo na programação.

Rita entre Bial e Samora: prêmio por ter vendido mais de 200 mil exemplares de sua biografia.
Foto: Instagram/@guilhermesamora / Reprodução

Rita Lee, sem autocensura:

Atitude roqueira de hoje em dia: “cuidar da horta”.

Vida sem drogas: “tô ‘limpa’ desde que minha neta nasceu, onze anos. Tô achando louco ser careta”.

País passado a limpo: “o Brasil tá tão Gotham City. De vez em quando prendem um Coringa, uma Mulher-Gato. Haja Batman!”

Dedicação aos animais: “eu entendo o Divino pelos bichos”.

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Desafiando a lógica: “não acredito em avião. Em disco voador, eu acredito”.

Aposentadoria dos shows: “não dá uma veinha no palco... (Foram) cinquenta anos pulando, tá bom”.

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