Uma voz, um violão e canções que tocam a alma. Precisa de algo mais?
Sozinha no palco, Zelia Duncan cantará seus maiores sucessos, como Catedral e Alma, em apresentação única no Teatro Porto Seguro, na capital paulista.
O show aproxima artista e público, converge lembranças e emoções. A cantora e compositora conversou com o blog.
Muitas pessoas têm medo da solidão; outras gostam da autoanálise que essa situação estimula. Como funciona para você o ‘estar sozinha’?
Estar só é condição humana e é melhor usar a solidão a nosso favor. Criar tem que ser assim, é ato quase sempre solitário. A solidão ruim, que dá medo e dor, essa que assusta mais, também faz parte. Mas não é dessa que trato nesse show.
Você, como artista, se sente mais inspirada nos momentos de solidão?
O artista vive muito esse paradoxo de ter aparentemente muita gente e não ter ninguém. Dizem que a frase é de Janis Joplin: “é triste fazer amor com 5 mil pessoas e ir pra casa sozinho”. Mas é nossa profissão, não tem outro jeito. Sugiro sempre que se cultive uma boa vida interior. Eu gosto de gente, mas adoro ficar comigo.
Shows intimistas, com o artista sentindo a respiração do público, são cada vez mais raros. O Lado Bom da Solidão partiu de uma necessidade sua de aproximação da plateia?
Eu gosto muito dessa intimidade. É assim que as canções nascem, num ambiente íntimo. É um formato entre tantos que gosto!
Essa overdose diária de informações a que somos submetidos facilita ou atrapalha o trabalho de composição?
O excesso não ajuda ninguém e as informações de hoje em dia são condensadas e muitas vezes incompletas ou falsas. Não faço nada consultando apenas internet, sem me aprofundar. Detesto o raso dos dias que vivemos. Me inspiro na vida, no que me causa indignação ou alegria. Sou curiosa, isso ajuda muito.
Você usa a palavra para compor, mas também para roteirizar e escrever artigos. Como lida com essa outra forma de expressão?
Adoro escrever e isso vem do hábito de ler, portanto antes de mais nada, ler me ajuda em tudo que faço.
Vivemos o auge da era da comunicação, mas a mídia em geral dá pouco espaço para a chamada ‘boa música’. O que acha dessa limitação imposta aos artistas?
Tenho medo de dizer o que é a ‘boa música’… Minha função é fazer, não nomear, entende? Acho que o triste mesmo é ver o País jogado no lixo, sem educação e a cultura tão maltratada. Isso se reflete na qualidade de público, na capacidade de escolher o que ouvir. Sempre houve o melhor e o pior, e mesmo com internet continuamos escravos do marketing. A grande mídia não ajuda muito nessa missão, mostrando o que é de mais fácil consumo sempre. Poucas rádios e programas para grande massa que tentam fazer um retrato do Brasil. Fica mais difícil mesmo.
Recentemente, você esteve em cartaz com Mordidas, a Comédia, ao lado de Regina Braga, Ana Beatriz Nogueira e Luciana Braga. Como avalia suas experiências como atriz?
Maravilhosas. Muita sorte pisar no palco com atrizes tão incríveis, uma aventura perigosa e ao mesmo tempo protegida, porque são grandes amigas também. Muitos outros projetos virão!
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