Para os humoristas, quando pior uma crise, melhor material eles têm para satirizar.
O Brasil vive o ápice de um terremoto político. Talvez seja o momento mais instável e, consequentemente, o mais frutífero de notícias ruins dos últimos trinta anos.
A TV tem realizado a cobertura majoritariamente pelo jornalismo – o humor televisivo, que poderia surfar nesta onda, quase não existe.
Não temos mais ‘Casseta & Planeta’ (Globo), ‘CQC’ (Band) ‘Saturday Night Live’ (RedeTV!), ‘Viva o Gordo’ (Globo) e nem ‘Cabaré do Barata’ (Manchete), para citar apenas algumas das atrações que fizeram do pior da política um ótimo conteúdo humorístico.
Falta a crítica social com boas piadas e atuações debochadas. Aquela denúncia da corrupção embalada em humor inteligente e mordaz, capaz de entreter e informar até o telespectador desinteressado por política.
Hoje, este papel é desempenhado por alguns âncoras, como Danilo Gentili, do ‘The Noite’ (SBT), e Gregório Duvivier, com seu ‘Greg News’ (HBO). Muito pouco diante da máquina de escândalos que funciona ininterruptamente no Brasil.
O ‘Zorra’ (Globo) exibe esquetes sobre mazelas políticas, mas acabam diluídas entre os outros temas do humorístico. ‘Pânico na Band’ e ‘Encrenca’ (RedeTV!) não se dedicam muito ao assunto.
Com isso, a elite do poder, que já se irritou tanto com as cobranças e zombarias lançadas por humoristas, passou a se preocupar apenas com as manchetes negativas dos telejornais.
Não precisa mais temer a chapa quente do humor político.