Programas matinais costumam tratar temas densos de maneira superficial. O público do horário pede pautas mais leves. A maioria das atrações prioriza o entretenimento.
Já o ‘Encontro’ ganha cada vez mais relevância ao dar espaço para assuntos tão espinhosos quanto necessários. Mazelas sociais são tratadas de maneira irrepreensível por Fátima Bernardes e seus convidados.
Nesta quinta-feira (30), a identidade de gênero e a transfobia ganharam destaque. Em edições recentes, a apresentadora conduziu conversas a respeito de discriminação racial e violência sexual contra mulheres.
Falou-se ainda sobre relacionamento entre separados, novos modelos de família, inserção na sociedade de portadores da Síndrome de Down, sofrimento provocado por haters de redes sociais, romance depois dos 60 anos e preconceito contra portadores do vírus HIV.
Temáticas assim raramente inspiram abordagem didática e reflexiva em atrações diurnas para a família, como acontece toda semana no ‘Encontro’.
A produção do programa é hábil em localizar bons personagens para relatar suas experiências. A atração conta com especialistas que descomplicam as questões psicológicas, jurídicas e médicas dos assuntos examinados.
E Fátima comanda essas pautas potencialmente dramáticas com leveza e bom senso. Extrai depoimentos contundentes sem invadir a privacidade do entrevistado.
Faz toda a diferença ela ter sido uma excelente repórter e ser uma apresentadora avessa a qualquer sensacionalismo.
Ao exibir vítimas recuperadas ou em processo de superação, o ‘Encontro’ indica um caminho aos telespectadores que passam por aqueles problemas dolorosos e pouco discutidos na TV aberta. Uma prestação de serviço valiosa.