Ela já foi mocinha em Hollywood, feia e corcunda como Bela, a Feia, e agora vive uma mulher da Bíblia. No ar na Record com a personagem Zípora, na terceira fase de Os Dez Mandamentos, Giselle Itié parece estar tirando de letra a recente separação de Emílio Dantas, com quem ficou casada por quase 1 ano e meio. Nascida do México, ela diz que adora se reunir para apreciar a gastronomia mexicana. E, mesmo pesando apenas 54 kg em 1,73 m de altura, ela conta que em casa seu apelido é "gorda" por ser comilona.
Entre uma troca de roupa e outra para um ensaio fotográfico, Giselle conversou com o Terra em um estúdio em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na última quarta-feira (8). Animada e sorridente, a artista produzida em um estilo inspirado na pintora mexicana Frida Kahlo, durante a sessão um dos profissionais brincou que ela estava parecendo uma viúva sexy. “Já matou meu futuro marido, nem casei ainda”, respondeu rindo.
Gorda?
O sorriso largo e boca grande denunciam a sensualidade natural de Giselle, que se acha bonita dependendo da variação do humor. “Às vezes me olho no espelho e falo ‘nossa, como estou mandando bem’, em outras, penso: ‘caraca, vou voltar a dormir porque hoje é melhor não sair de casa’.”
Sem dietas e com origem de uma família que adora se reunir para apreciar a gastronomia mexicana, Giselle diz que ama comer: “em casa meu apelido é gorda, mas quando percebo que a roupa está apertada, dou uma maneirada e tomo um suco detox”.
Apesar de não ser neurótica com beleza, Giselle procurou um dermatologista no ano passado e usa creme antienvelhecimento. Além disso, está cogitando entrar para a academia: “nunca fiz musculação, mas estou pensando em fazer, estou envelhecendo e dizem que é bom”.
Para manter a forma, ela faz corridas e pilates três vezes por semana. “Fiquei corcunda por conta da expressão corporal da Bela (personagem), começou a machucar meu corpo e resolvi iniciar o pilates para corrigir a postura. Amei e faço até hoje”.
Sempre produzida por conta da profissão, ela entrega: “não gosto de fazer unha, como estou interpretando uma pastora, não preciso fazer e acho ótimo”.
De Hollywood a corcunda
Focada na carreira, a atriz até hoje é lembrada por sua participação como a líder comunitária Sandra, em 2010, no filme Os Mercenários, ao lado de Sylvester Stallone. “Ele é um profissional atento 100% a cada detalhe, desde o roteiro até o boné de um dos figurantes. Foi parceiro e me deu a liberdade de construir meu personagem”, contou.
Segundo ela, o público masculino é o que mais respondeu positivamente ao trabalho. “Muitos homens vêm conversar comigo porque são fãs do Stallone, do Arnold Schwarzenegger e de todos esses brutamontes cheios de testosterona”, afirmou se referindo aos atores Jason Statham, Dolph Lundgren, Randy Couture, Terry Crews , Mickey Rourke e Jet Li.
Deslumbrada com a infraestrutura de Hollywood, Giselle conta que nos bastidores tudo é exagerado: “cada ator tem seu trailer e há um caminhão com comida 24 horas. Sou uma eterna gordinha, então gostei de poder comer de tudo”, falou entre risos.
Retratada no longa de ação como a típica latino-americana que se destaca pelas curvas, no mesmo ano Giselle desmontou sua imagem de mulherão na pele de Bela: “todos nós em algum momento da vida já fomos um patinho feio”. Na novela Bela, A Feia, a atriz ficou com uma aparência irreconhecível, o sorriso e ótima forma foram substituídos por enchimento para ficar mais gorda, aparelho dental, óculos, franja e roupas bregas e largas. “Ela era simpática e fofa, mas tenho que admitir que era feia, corcunda, andava que nem pata e tinha uns peitos enormes”, entregou, em meio a gargalhadas.
Com a experiência de quem passou pela maior indústria cinematográfica do mundo e hoje trabalha nos estúdios da Record, no Rio de Janeiro, a atriz diz que o Brasil não fica atrás da produção norte-americana em termos artísticos e de organização: “somos tão profissionais quanto eles”.
Na trama atual, ela vive a mulher de Moisés, que é questionadora, feminista e tem fé na religião. Mas, na vida pessoal a atriz de 33 anos é mais adepta da física quântica. “Creio na lei da ação e reação, e na física quântica. Acredito que somos capazes de desenvolver um objetivo por meio da energia e pelo simples fato de pensarmos nisso".Para ela, fé é tudo o que se faz com amor. Apesar das diferenças, Giselle afirma que assim como Zípora, ela se considera forte e protege muito sua família.
Fazia teatro escondido no México
Quem vê Giselle rindo à toa relembrando suas personagens não imagina que ela tenha encontrado a resistência dos pais no início da carreira. A própria mãe da artista, dona Sandra, é quem conta isso. Sandra não perdeu tempo de matar a saudade da filha no dia da entrevista e acompanhou o ensaio. “Quando a Gi tinha 15 anos, foi passar um tempo no México e começou um curso de teatro escondido da gente. Ela pedia dinheiro a mais falando que era para academia, mas na verdade era para pagar o curso”, disse.
Dona Sandra, o marido, e seus outros dois filhos, que já moravam no Brasil, descobriram tudo um ano depois. “Nunca pensei em ter uma filha atriz, a gente imaginava uma profissão mais estável, como médica, advogada”, afirmou a psicóloga, que hoje sente muito orgulho.
Conquistado o apoio da família, Giselle estreou como atriz em 2001 na minissérie global Os Maias. Na emissora de Marinho, ela ainda trabalhou em Esperança, O Profeta e Pé na Jaca. Questionada se acredita que fechou as portas na Globo por ter ido para a Record, ela acha que não: “o mercado está aí, e nós precisamos ter essa concorrência. Monopólio é algo do passado”.
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