O Sala de TV conversou com profissionais das redações da Globo em São Paulo e no Rio. As fontes disseram que ter a percepção de que a direção da emissora poupou profissionais negros da onda de demissões.
A presença de pretos e pardos (classificação usada pelo IBGE) no jornalismo da emissora ainda é desproporcional em relação à população do País. Por isso, teria havido a preocupação de não dispensar apresentadores, repórteres e comentaristas que representam essa maioria racial.
Em outubro de 2022, a Globo criou a diretoria de Diversidade e escalou a executiva negra Samantha Almeida para comandar o setor. A missão é ampliar a presença de negros e produzir mais pautas sobre a história e a cultura afro-brasileiras em novelas, séries e outros programas.
Departamento mais afetado por cortes nas últimas semanas, o jornalismo tenta aplicar a mesma medida de inclusão em seu elenco majoritariamente branco. Passou a ser frequente, por exemplo, ver dois apresentadores negros na bancada do ‘Jornal Nacional’, como aconteceu na quinta-feira (6), com Aline Midlej e Marcio Bonfim cobrindo a folga de Renata Vasconcellos e William Bonner.
Mas, no geral, a presença de pretos nos telejornais e outras produções jornalísticas dos canais Globo continua incompreensivelmente pequena. Com mais de 20 comentaristas de política e economia, a GloboNews, no ar desde 1996, tem apenas uma negra, Flavia Oliveira. Inaugurada há apenas 3 anos, a CNN Brasil possui representatividade bem maior diante das câmeras.
Na quarta-feira, em um grupo de WhatsApp de jornalistas de diferentes veículos, circulou o boato de que dois jornalistas negros da Globo, os veteranos da cobertura da política em Brasília Heraldo Pereira e Zileide Silva, estariam na lista de novas dispensas por terem alto salário.
Por enquanto, isso não se confirmou. Eventuais demissões de ícones pretos queridos pelos telespectadores certamente vão gerar críticas e possível cancelamento da emissora nas redes sociais. Do outro lado, salvaguardar esse perfil no vídeo irrita aqueles que contestam o conceito de equidade racial na mídia, alegando que o profissional deve ser avaliado apenas pelo talento, nunca pela cor da pele.