No ar entre maio e novembro de 1982, ‘Elas por Elas’ teve média geral de 40,6 pontos na faixa das 19h da Globo. Não foi um grande sucesso na comparação com o resultado de tramas anteriores e posteriores, mas ficou longe de fazer feio.
Estreado com alta expectativa no final de setembro, o remake da novela virou a maior dor de cabeça que o canal carioca teve nos últimos anos. Está com média de apenas 16,5 pontos. A pior audiência já registrada às 6 da tarde desde 1972. Nem o elenco de estrelas empolga o público e as redes sociais.
A explicação óbvia é de que ‘Elas por Elas’ está no horário errado. Ágil e contemporânea, deveria ocupar o espaço destinado às comédias, às 7 da noite, como sua versão original. A maioria dos telespectadores sinaliza preferir tramas mais leves e românticas às 18h.
Mas o problema vai além disso. A Globo enfrenta uma concorrência cada vez maior: dos canais pagos, das plataformas de streaming (inclusive do Globoplay, que vira um adversário interno), do YouTube, do Instagram, do Kwai, do TikTok...
Muita gente simplesmente perdeu o hábito de ver TV. Especialmente nessa época de temperaturas mais altas, quando é melhor fazer uma atividade externa (como aproveitar o ar-condicionado dos shoppings) a ficar ‘cozinhando’ no sofá de casa.
‘Fuzuê’ também patina em sua faixa. De agosto até agora registrou média de 20 pontos, 3 a menos do que antecessora, a bem avaliada ‘Vai na Fé’. A novela das 19h passou por mudanças no roteiro que começam a surtir efeito. A recuperação precisa ser rápida para não prejudicar a audiência da atração seguinte, o ‘Jornal Nacional’.
Na aferição geral da Kantar Ibope, das 7h à meia-noite, a Globo se sai bem com duas reprises. ‘Mulheres de Areias’, de 1993, exibida agora às 14h45, e ‘Mulheres Apaixonadas’, de 2003, às 17h, entregam bons índices. Costumam ficar a poucos décimos ou até empatam com ‘Elas por Elas’.
Os dois folhetins antigos atraem mais público do que todos os programas anteriores separadamente, incluindo o ‘Mais Você’ de Ana Maria Braga, o ‘Encontro’ com Patrícia Poeta e o ‘Jornal Hoje’ comandado por César Tralli. Prova incontestável de que boas novelas envelhecem bem. Agradam aos saudosistas e também às novas gerações. O acervo virou a salvação da Globo.