É inadmissível o que acontece com a Globo na faixa das 14h às 18h de segunda a sexta-feira. A principal emissora do País não produz nada inédito nem ao vivo.
Apela a filmes norte-americanos de segunda linha exibidos na Sessão da Tarde, ao especial Álbum da Grande Família (com qualidade de imagem bastante inferior ao padrão do restante da programação) e a novelas antigas no Vale a Pena Ver de Novo.
Enquanto isso, no mesmo horário, canais com menos dinheiro de produção e audiência muito menor exibem programas de variedades que despertam o interesse de milhões de telespectadores.
Atrações como Balanço Geral (RecordTV), A Tarde é Sua (RedeTV!), Melhor da Tarde (Band), Todo Seu e Mulheres (TV Gazeta) transmitem notícias, pautas informativas e curiosidades em tempo real.
Já a Globo não conseguiu sequer manter o Vídeo Show, programa tradicional de autopromoção que quebrava o festival de reprises da tarde. O formato se desgastou sem que a emissora conseguisse renová-lo.
Difícil compreender essa letargia da todo-poderosa. Não faltam recursos financeiros, humanos e tecnológicos para ocupar parte da faixa vespertina com uma produção original.
Nota-se comodismo por ainda ostentar liderança folgada no Ibope. Contudo, em estratégia de TV, audiência não é a única questão a ser considerada.
Sinônimo de excelência artística, a Globo falha em deixar o período da tarde tão descuidado. Ainda que algumas ‘velharias’ sejam interessantes – como a atual reapresentação da ótima Cordel Encantado –, espera-se mais do canal do clã Marinho.
O tal projeto do programa de Fernanda Gentil poderia oxigenar a faixa. Pelo que se sabe, não tem data para sair do papel por hesitação em relação ao conteúdo.
Pesquisas teriam apontado rejeição ao formato inicialmente desenvolvido. Nada que mudanças pontuais não resolvam.
Mas a Globo demonstra estranha dificuldade de agir na velocidade que se espera de uma empresa de comunicação.
Apresentadores como Sonia Abrão, Ronnie Von e Cátia Fonseca aproveitam esse deslize da maior concorrente para faturar alto ao longo da tarde. São ‘reis’ do merchandising e conquistam cada vez mais visibilidade e público.