Em 1990, o jornalista Peter Arnett, da CNN, se tornou uma celebridade planetária ao narrar a Guerra do Golfo direto de Bagdá, no Iraque. Estar no local do conflito é imprescindível em uma cobertura de guerra.
No início desta Guerra da Ucrânia, Globo e GloboNews surpreenderam por não ter enviado um correspondente ao País, enquanto Record TV, SBT e Band transmitiram com jornalistas na capital Kiev ou em outras cidades das zonas sob ataque.
A líder em audiência na TV aberta e o canal de notícias mais visto da TV paga têm apostado em imagens de agências, gráficos e comentários de especialistas em geopolítica e relações internacionais. Muitas explicações de correspondentes em Nova York, pouco material exclusivo.
Na quinta-feira (25), o ‘Jornal Nacional’ mostrou o jornalista independente Gabriel Chaim em Kiev. Ele fez um breve relato das ruas. O âncora William Bonner ressaltou que não se tratava de um repórter da emissora. Em anos anteriores, Chaim produziu matérias relevantes para o ‘Fantástico’ a respeito da Guerra da Síria.
O mais próximo que Globo e GloboNews chegaram, até a noite de ontem, foi em Rzeszów, cidade polonesa perto da fronteira ucraniana. No momento em que o enviado especial Rodrigo Carvalho entraria ao vivo no ‘JN’, o sinal da transmissão caiu.
Em janeiro, Pedro Vedova – que trabalha no escritório das emissoras em Londres, assim como Carvalho – esteve em Kiev, mas não conseguiu mostrar nada especial. O clima era tranquilo, apesar da iminência do ataque da Rússia.
A GloboNews tem usado seus correspondentes nos Estados Unidos e na Europa na atualização das notícias e em análises. O problema é a repetição. O mesmo comentário passa de um telejornal para outro. Uma cobertura fria, feita de estúdios a milhares de quilômetros de onde os fatos acontecem.
Já a CNN Brasil se beneficia do material gerado pela ‘mãe’, a CNN americana, que posicionou âncoras em diferentes cidades da Ucrânia e exibe imagens exclusivas de bombardeios e do dia a dia da população sob risco de morte. A emissora brasileira está com o repórter Mathias Brotero em Kiev.
A tecnologia da comunicação ampliou as possibilidades de o jornalismo ser feito de maneira remota, porém, uma cobertura de guerra exige a presença física da imprensa. Há significativa diferença entre relatar à distância as imagens e reportar o que se vê diretamente do local.
Vários canais, inclusive a Globo, têm colocado no ar brasileiros que moram na Ucrânia para contar o que vivem no momento. Um recurso interessante, que humaniza a guerra, mas não substitui o trabalho dos profissionais do jornalismo.