Globo ganha de Lula mais verbas e trégua após longos anos de guerra verbal 

Canal faz uma cobertura morna do governo, sem gerar atrito com o presidente a quem tanto criticou no passado

11 abr 2024 - 10h29

Até 2021, Lula considerava a Globo o seu inimigo número 1 na mídia. Mudou de opinião. Em 2023, ele direcionou ao canal e algumas afiliadas R$ 142 milhões em verbas de publicidade, 60% a mais do que Jair Bolsonaro havia autorizado no ano anterior. Os dados são do portal ‘Poder 360’. 

Ainda está longe da média de R$ 588 milhões por ano à emissora nos dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010, mas já sinaliza o apaziguamento na relação entre o petista e a emissora de maior audiência do país após longo período de hostilidades. 

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Em julho de 2019, ao ser entrevistado pela Rede TVT na PF de Curitiba, Lula chegou a anunciar uma ação contra o canal carioca. “Eu tenho que fazer um protesto, é uma coisa que eu queria fazer antes de ser preso, na porta da Rede Globo de Televisão”, disse. “Preciso dizer umas boas para os Marinho e para o (diretor-geral de jornalismo na época) Ali Kamel.” 

O petista avisou que exigiria um pedido de desculpas de William Bonner por matérias supostamente tendenciosas para prejudicá-lo. Após ganhar a liberdade, a promessa não foi cumprida e o tom raivoso perdeu intensidade. 

Ao ficar frente a frente com o âncora do ‘Jornal Nacional’ para a entrevista ao vivo na campanha de 2022, Lula abriu sorriso e se comportou com diplomacia. Não fez nenhum ataque ao apresentador nem à Globo. 

Mais do que isso: surpreendeu, dias depois, ao elogiá-los. “Adorei o comportamento do Bonner, quando ele teve a coragem de dizer: ‘Hoje, o senhor não deve nada’. Não sei se foi o Ali Kamel ou o João Roberto Marinho que mandaram ele falar, mas foi uma atitude muito corajosa.”

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Lula e Bonner no reencontro na bancada do 'Jornal Nacional' em 2022: afagos após anos de tensão
Lula e Bonner no reencontro na bancada do 'Jornal Nacional' em 2022: afagos após anos de tensão
Foto: Reprodução/TV

Na noite de 30 de outubro daquele ano, ao narrar a carreata da vitória de Lula na Avenida Paulista, depois do resultado do segundo turno da eleição presidencial, Bonner se mostrou irreverente como poucas vezes se viu. 

“Lula vem saltitando. Lula sendo Lula. É a forma como se comporta em multidões. Ele tem sempre o abraço, o afago, é o que ele gosta de fazer, sempre foi assim.” 

Nestes 465 dias do governo Lula 3, o jornalismo da Globo fez uma cobertura amistosa da administração federal e do comportamento do presidente. Bem menos contundente do que nos mandatos anteriores do petista e no quadriênio de Bolsonaro no Palácio do Planalto. 

Já os âncoras e comentaristas da GloboNews não poupam críticas, especialmente a respeito da comunicação do governo e das declarações polêmicas do chefe do Executivo. 

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Como o número de assinantes de TV paga é cerca de 15 vezes menor que o de telespectadores do sinal aberto, a repercussão do canal de notícias da Globo não gera mobilização popular e, aparentemente, não irrita o presidente e sua cúpula. 

Aliás, alguns jornalistas da GloboNews mantêm contato direto com a primeira-dama, Janja da Silva, considerada a maior influenciadora de Lula. Dos dois lados da trincheira há bandeiras brancas estendidas. A pergunta de milhões: até quando?

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