Um vídeo publicado nas redes sociais do Jornal Nacional no dia 21 de novembro, com o objetivo de mostrar os bastidores da produção do telejornal em Brasília, gerou repercussão negativa. A gravação foi ao ar no mesmo dia em que houve o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 36 pessoas, acusados de tentativa de golpe de Estado.
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O conteúdo chamou atenção pela aparente falta de naturalidade nas conversas, levando internautas a apontarem que as falas pareciam ensaiadas. Após críticas nas redes, a direção da TV Globo decidiu remover o vídeo, mas ele já havia sido amplamente replicado.
A gravação, com duração de 1 minuto e 19 segundos, começa com o jornalista Vladimir Netto saindo de uma cadeira enquanto fala ao telefone. Ele se dirige a outros colegas da redação e diz:
“Estou abrindo [a reportagem] falando que a PF [Polícia Federal] confirmou que indiciou 37 pessoas pelos crimes de organização criminosa, tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, beleza?”.
🇧🇷 Redação do Jornal Nacional na preparação das reportagens sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas - entre ex-ministros, militares e assessores - no inquérito que apurava a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. pic.twitter.com/wSSw6ynQRM
— Eixo Político (@eixopolitico) November 21, 2024
A câmera então percorre a redação, exibindo diferentes etapas da produção do telejornal, como a criação de artes e a seleção de imagens.
No trecho final, a repórter Delis Ortiz afirma estar recebendo “várias manifestações” dos três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – sobre o caso. Ela orienta outra jornalista a compilar as informações para o fechamento da reportagem.
O vídeo ganhou destaque em perfis de direita, sendo compartilhado e alvo de piadas, inclusive por humoristas como Rafinha Bastos, que repostou a gravação.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, a decisão de remover a publicação foi tomada por Ricardo Villela, diretor de jornalismo da Globo. Villela teria tomado conhecimento do vídeo apenas depois que ele já estava no ar e não aprovou o conteúdo. Para ele, a abordagem não era compatível com o padrão que a emissora mantém em suas redes sociais.
Segundo o jornal, a repercussão negativa chegou à direção no Rio de Janeiro. William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional, também desaprovou o material. Assim como Villela, Bonner criticou a publicação, classificando-a como "cafona".
Procurada pelo Terra, a Globo não se posicionou até a última atualização desta reportagem.