Entre o início de 2021 e o final deste ano, o Grupo Globo terá investido cerca de R$ 2,5 bilhões no aprimoramento de tecnologias para melhorar a qualidade do conteúdo que produz. É bem mais do que a RecordTV e o SBT faturam anualmente.
No ano passado, a companhia de mídia do clã Marinho manteve a previsão de verbas para novos equipamentos e sistemas mesmo com a possibilidade de fechar no vermelho. Foi o que aconteceu. Investiu R$ 1,2 bi somente em tecnologia. Terminou o período com prejuízo de R$ 174 milhões.
Neste 2022, a intenção também é assegurar a quantia prevista para modernização, independentemente da meta de fechar no azul. Por que a Globo abre mão do lucro para assegurar novos aparelhos, softwares, treinamentos e outros custos de inovação?
A cúpula da emissora mira no futuro. Tem certeza de que sua principal plataforma de streaming, o Globoplay, vai garantir a relevância do grupo e parte significativa das receitas com assinaturas e publicidade. Colocam dinheiro agora para usufruir dos rendimentos daqui a alguns anos.
Estão no ‘timing’ certo. O principal concorrente no streaming, a Netflix, vive uma crise geral e, especialmente, na América Latina, área dominada pelo mercado brasileiro. A gigante norte-americana perdeu mais de 300 mil assinantes na região no primeiro trimestre de 2022. As dificuldades para crescer derrubaram o valor de suas ações.
Enquanto isso, impulsionada por investimentos e sucessos como o ‘BBB22’ e a novela ‘Verdades Secretas 2’, o Globoplay registrou aumento do número de novos contratos e na receita líquida. Colaborou para o Grupo Globo ter conseguido lucro de R$ 1,3 bilhão de janeiro a março deste ano.
Assim como a TV Globo é a número 1 entre as emissoras abertas e canais do mesmo grupo lideram na TV paga (com o Viva encabeçando o ranking geral de audiência e a GloboNews sendo a emissora de notícias mais vista), o Globoplay quer ser a plataforma de streaming mais popular. A perspectiva está a seu favor.