No ‘Sem Censura’, da TV Brasil, Pedro Cardoso criou falsa polêmica ao comentar a concorrência crescente enfrentada pela maior emissora do país. “A Rede Globo está acabando, infelizmente”, disse. “Acho muito ruim que a gente perca uma emissora como a Rede Globo e comece a viver debaixo de empresas estado-unidenses, Netflix, Fox...”
A repercussão imediata na imprensa e nas redes sociais ressuscitou o recorrente boato alimentado por bolsonaristas de que o canal líder de audiência – hoje mais progressista do que conservador – está à beira da falência.
Números não metem e falam por si. Em 2023, o Grupo Globo faturou R$ 15 bilhões, três vezes mais do que o total de dívidas. Estas, aliás, estão sob controle, com vencimentos apenas a médio prazo. Agências internacionais de risco, como a Fitch, atestam a saúde financeira da companhia. O tal risco de insolvência é mito.
O clã Marinho ainda vê sua rede de televisão, que completará 60 anos em abril do próximo ano, como o principal negócio, porém, investe cada vez mais em outros mercados. Em 2019, foi criada a Globo Ventures, responsável pelos investimentos dos acionistas.
Os principais são os três filhos do fundador da emissora, Roberto Marinho, falecido em 2003: Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto. Eles e os filhos investem anualmente cerca de 60 milhões de dólares (equivalentes a R$ 330 milhões na cotação atual) em empresas das quais adquiriram participação em troca de exposição midiática nos veículos de comunicação do grupo.
Preferem fazer aportes em startups, ou seja, negócios inovadores com grande potencial na venda de produtos e serviços associados a tecnologias. Não buscam lucro a curto prazo. Os Marinhos têm ou tiveram sociedade com Quinto Andar, Enjoei, Petlove, Buser, Stone, Daki, Rappi, entre outros empreendimentos. A carteira da Ventures possui cerca de 30 negócios ativos, segundo apurou a coluna.
Por muitos anos, a TV Globo continuará a ser o maior faturamento da holding, mas a família Marinho tem noção da importância de diversificar os negócios. Concorrentes nacionais ou estrangeiros poderão tirar parte da receita da emissora, entretanto, não há perspectiva de o Brasil “perder a Globo”, como exagerou Pedro Cardoso, crítico contumaz do canal desde sua dispensa após o fim do seriado ‘A Grande Família’.