A Justiça pode determinar que uma emissora de TV faça uma retratação quando há erro de informação ou ataque à honra de alguém. Mas é estranho imaginar uma liminar de juiz a fim de exigir que um canal entreviste certa pessoa.
É justamente isso o que pretendia a equipe do candidato Fernando Haddad. Houve pedido ao Tribunal Superior Eleitoral para que a Globo desse espaço ao petista na data prevista para o debate presencial neste segundo turno. A transmissão seria nesta sexta-feira às 22h. O TSE negou a petição.
A campanha do ex-prefeito de São Paulo sente-se prejudicada pelo cancelamento do evento devido à desistência de Jair Bolsonaro (PSL) de participar do confronto diante das câmeras do canal carioca.
A Globo afirma que, de acordo com as regras aceitas previamente pelas equipes dos dois presidenciáveis, não haveria entrevista individual no caso de suspensão do debate.
Professor do Departamento de Ciência Política da USP, Fernando Haddad é, sem dúvida, um democrata e defensor das liberdades de expressão e imprensa. Como tal, não deveria permitir essa imagem de autoritarismo suscitada pela exigência de ser ouvido por um canal de TV.
O petista tem razão ao argumentar que a falta de debate entre os candidatos prejudica o eleitor. Na Globo, o evento em segundo turno é uma tradição desde 1989. Sempre ajudou milhões de pessoas a definir o voto.
Contudo, há de se respeitar o direito do canal da família Marinho de não querer dar mais visibilidade a um do que ao outro.