"Haja bunda no sofá", brincava Jô Soares sobre suas mais de 14 mil entrevistas

Humorista, que morreu aos 84 anos, manteve programa de conversas ao longo de 28 anos

5 ago 2022 - 10h49
(atualizado às 12h59)
Morre Jô Soares
Morre Jô Soares
Foto: Globo/Zé Paulo Cardeal

"O programa era uma Disneylândia: fizemos tudo o que era possível porque o Jô topava tudo", comentou o músico Derico, que formou o sexteto que acompanhou Jô Soares ao longo de seus programas de entrevistas. "Ele queria ser surpreendido, fosse entrevistando um presidente da República ou um cantor de rock".

Jô, que morreu na madrugada desta sexta, 5, aos 84 anos, realizou exatas 14.138 entrevistas ao longo de 28 anos de exibição, tanto no SBT (Jô Soares Onze e Meia) e na Globo (Programa do Jô). "Haja bunda no sofá", brincava ele.

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Foi justamente a disposição de ter um talk show que o convenceu a deixar a Globo. Silvio Santos permitiu que ele mantivesse seu programa de humor e comandasse um de entrevistas, que estreou em 17 de agosto de 1988. 

O humorista criou fama ao falar, muitas vezes, mais que os entrevistados, o que curiosamente não aconteceu, justamente na última conversa, com Ziraldo, que foi ao ar no final de 2016. Culto, bem humorado, era capaz de conversar com qualquer pessoa.

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Poliglota, Jô fez entrevistas em diversos idiomas, o que permitiu conversar com figuras tão díspares como o cineasta Roman Polanski. Foi em seu programa que Fábio Porchat apareceu pela primeira vez na TV e ele manteve papos que logo se tornaram históricos, como com Luís Carlos Prestes ou aquela que se tornou uma de suas mais famosas: com Hebe Camargo, Lolita Rodrigues e Nair Bello.

Promoveu também encontros engraçados, como o dos “sósias” Rogério Ceni (então goleiro do São Paulo) e do apresentador Luciano Huck, em 2001. Ou, em outro momento histórico, com grandes humoristas, como Chico Anysio, José Vasconcelos e Paulo Silvino, em 2003.

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O programa era normalmente gravado, mas, em uma oportunidade, foi transmitido ao vivo: em 2001, quando conversou com o ganhador do primeiro Big Brother Brasil, Kleber Bambam, em 2001.

Na exibição do último programa, em dezembro de 2016, Jô foi aplaudido de pé pela plateia (uma exigência dele era sempre o de ter pessoas acompanhando as conversas). E, ao invés de um adeus, ele repetiu uma das frases que marcavam o final das entrevistas: "Daqui a pouco a gente volta".

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