O mundo é dos espertos, definitivamente. Luciano Hang prova, mais uma vez, ser um marqueteiro sagaz. Logo no início de sua declaração na CPI da Covid, ele pediu que fosse exibido um vídeo sobre a Havan. "As pessoas precisam entender por que estamos crescendo, investindo em nosso País", justificou.
O presidente da comissão parlamentar, Omar Aziz (PSD-AM), atendeu ao pedido. Assim que o vídeo começou a rodar no telão do plenário e na transmissão em rede feita pela TV Senado, ficou evidente se tratar de uma peça de propaganda em comemoração dos 35 anos da rede de lojas do empresário catarinense, famoso nas redes sociais como 'Véio da Havan'.
Com inegável contexto ufanista e político, o comercial exibido ao vivo na GloboNews, CNN Brasil e Band News foi uma jogada de mestre. Publicidade gratuita a milhões de telespectadores. Senadores antibolsonaristas se revoltaram. "É uma propaganda da empresa", reclamou Fabiano Contarato (Rede-ES). "O que isso tem a ver com o mérito da CPI?", questionou Eliziane Gama (Cidadania-MA). O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), gesticulou demonstrando contrariedade.
Ao final da exibição, Omar Aziz tentou acalmar os ânimos. "Já foi, já foi", disse. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, que raramente comparece às sessões da CPI da Covid, estava no plenário e se manifestou em defesa de Luciano Hang, um dos mais midiáticos defensores de Jair Bolsonaro.