A edição de terça-feira (7) do ‘Jornal Nacional’ foi especialmente desfavorável a Jair Bolsonaro. O presidente jura não assistir à Globo, mas alguém certamente o avisou das notícias ruins.
Matéria do repórter Vladimir Netto desmentiu a declaração de Bolsonaro, em um evento, de que a ANVISA pediu o fechamento do espaço aéreo brasileiro por conta da variante Ômicron do coronavírus. Fez ainda uma crítica indireta ao presidente por ele não aceitar a obrigatoriedade do passaporte da vacina a quem quiser visitar o Brasil.
Em outra reportagem, Paulo Renato Soares detalhou novas provas de suposta participação de uma ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, em esquemas de lavagem de dinheiro e rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro e hipotéticas irregularidades para obtenção de vantagem financeira em processos nos quais atuou como advogada. Um ex-assessor dela foi ouvido pela emissora.
Uma terceira matéria atingiu indiretamente o presidente. Outro filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foi citado a respeito da investigação da Polícia Federal de alegadas interferências de autoridades no processo de extradição do youtuber bolsonarista Allan dos Santos.
Fazia tempo que o ‘JN’ não exibia tanto chumbo grosso contra Bolsonaro no mesmo dia. Para completar o bombardeio de visibilidade negativa, o telejornal mais visto do País ignorou a vitória do presidente na eleição on-line de ‘Personalidade do Ano’ da revista norte-americana ‘Time’. Em sua live de 25 de outubro, ele pediu aos seguidores para votar. Surtiu efeito. Em segundo lugar ficou Donald Trump.
Ironicamente, o principal rival político de Bolsonaro, o ex-presidente Lula, ganhou destaque positivo na mesma edição do telejornal. A repórter Giovana Teles revelou detalhes do pedido do Ministério Público para o arquivamento da ação contra o petista no caso do triplex do Guarujá.
Com o controle da pandemia de covid-19, o amplo espaço do ‘JN’ às pautas sobre diagnósticos, vacinação e mortes foi parcialmente ocupado por manchetes políticas. O clima já é de cobertura da eleição de 2022. Matérias investigativas sobre os principais presidenciáveis passam a fazer parte da rotina. Odiado tanto pela direita de Bolsonaro quanto pela esquerda de Lula, o jornalismo da Globo estará o tempo todo sob ataque.