As pesquisas de intenção de votos preveem alto índice de brancos e nulos no primeiro turno da eleição, em 7 de outubro. Reflexo da descrença e revolta de milhões de brasileiros com os políticos.
Mas em uma democracia, o voto não pode perder seu valor. É o que afirma o jornalista Carlos Irineu, autor do recém-lançado É Assim que Eu Voto, disponível em versão imprensa e e-book.
A obra não foi patrocinada por nenhum partido político ou candidato. Trata-se de uma iniciativa pessoal do jovem comunicador.
Com linguagem compreensível, o livro explica de forma objetiva o funcionamento do processo eleitoral, os termos mais usados nas campanhas políticas e faz um alerta sobre as falsas notícias disseminadas principalmente na internet.
O escritor conversou com o blog.
Como teve a ideia do livro?
Surgiu da percepção da falta de informação sobre o sistema político por grande parte da população. As redes sociais me deram um parâmetro sobre isso. Através dos posts, percebia que muita gente não sabia a diferença de voto branco e nulo. Acreditavam que se boa parte dos brasileiros anulasse seu voto ou não comparecesse às urnas a eleição seria anulada. Isso me incomodou muito. Pensei bastante sobre como poderia alcançar o maior número de pessoas para desconstruir os mitos sobre o processo eleitoral. Durante três meses fiz um trabalho de campo e pesquisa com diversos órgãos responsáveis pelo processo eleitoral. Busquei me manter distante de partidos políticos e candidatos para que não interferissem no resultado final, que era apenas direcionar o eleitor.
Acha que, de maneira geral, o jornalismo cumpre a função de informar a população a respeito dos candidatos e do processo eleitoral?
Acredito que o jornalismo se esforça muito para informar a população sobre a vida e as propostas dos candidatos. Os debates são de extrema importância e muito relevantes durante esse processo. Mas ainda sinto falta de um trabalho mais objetivo em relação ao nosso sistema eleitoral. Muita gente entende que precisa votar, mas não sabe quais são as funções de cada cargo eletivo e das casas legislativas.
Qual a sua análise sobre debates e entrevistas com presidenciáveis na TV?
Considero um divisor de águas durante o processo eleitoral. Mas, infelizmente, os candidatos não os utilizam de forma inteligente e sadia. Boa parte do tempo ficam se digladiando e pouco interessados em discutir propostas.
A propaganda política na TV já foi considerada decisiva para o resultado eleitoral. Acha que o veículo ainda exerce tanta influência?
Não acredito que a propaganda política seja fator decisivo para o resultado final de uma eleição. A descrença com a política, somada à corrupção envolvendo muitos candidatos, fizeram com que muitos eleitores perdessem o interesse em acompanhá-los através da TV e do rádio.
As redes sociais são mais positivas ou negativas a quem quer se informar sobre a eleição?
Acredito que as redes sociais são importantes para o compartilhamento em massa sobre os candidatos, mas seu uso requer muito cuidado por parte dos usuários. Não dá pra se basear apenas no que é jogado lá. Costumo alertar que tudo o que é postado nas redes sociais deve ser checado em sites de notícias. É preciso checar para não cometer injustiças.
Fake news são mesmo um perigo?
As fakes news ameaçam a credibilidade do jornalismo. Qualquer um pode escrever o que quiser e compartilhar nas redes sem a preocupação com as consequências daquela falsa notícia. Mas ainda acredito que as ações de combate às fakes news, como a checagem feita pelas agências de notícias, têm conseguido inibir essa prática oportunista de quem quer denegrir a imagem do concorrente na eleição.
Como avalia o interesse dos jovens, como você, pela eleição e a política em geral?
A minha avaliação é muito positiva e otimista. Tenho conversado com muitos jovens nas periferias e percebido que, além do interesse, há uma preocupação com a política geral do nosso País. Assim como eu tenho espalhado informações e reflexões sobre o nosso processo eleitoral, sinto que muitos deles estão cumprindo o papel de cidadão consciente também.
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