O ‘Em Pauta’, da GloboNews, discutiu o ato racista contra o jogador brasileiro Vini Jr., do Real Madrid. Em uma ponte da capital espanhola foi colocado um boneco negro com a camisa do atacante simulando um enforcamento.
“Essa cena remete a muita dor e a gatilhos muitos fortes, violentos. Essa imagem de um homem negro pendurado por uma corda, enforcado, remete aos linchamentos”, explicou Flávia Oliveira, uma das comentaristas de economia do canal.
“Assim foi batizado o período em que homens e mulheres negros eram pendurados em galhos de árvores e linchados até a morte sob observação de uma massa ávida por ódio, supremacista (branca).”
O assassinato de pretos por brancos aconteceu principalmente entre 1890 e 1930, nos Estados Unidos, e as principais vítimas eram acusados de crimes, segundo informou a jornalista.
“Quem são os brancos que perpetuam isso em pleno 2023? Quem será que pode me responder? Porque eu estou cansada de tanta dor”, queixou-se Flávia, uma das maiores referências negras da mídia brasileira e respeitada ativista antirracista.
Os outros participantes da edição – o âncora Marcelo Cosme e os comentaristas Mauro Paulino, Jorge Pontual, Eliane Cantanhêde e Ariel Palácios, todos brancos de acordo com o critério racial brasileiro – ficaram consternados e solidários com a colega.
No final do programa, Cosme ressaltou a árdua missão da jornalista quando a pauta é o racismo e suas implicações sociais.
“Flávia, eu sei que às vezes é pesado pra você. A gente acaba jogando pra você essa necessidade de escuta. Mas quero dizer que é um papel importante que você faz”, disse o apresentador.
“A gente tá aqui pra te apoiar, te pedir desculpa por te colocar nesse lugar, mas você é fundamental para que a gente (pessoas brancas) possa mostrar e entender esse lado. Desculpe se a gente te exige tanto. Quando sair daqui, vou te encontrar no corredor e te dar um abraço.”
“Preciso desse abraço”, respondeu Flávia, comovida.
Na GloboNews, assim como nas outras grandes emissoras, os jornalistas negros são minoria. O número de contratações aumentou nos últimos anos após maior conscientização dos diretores a respeito da importância da representatividade racial, porém, ainda está distante de espelhar o Brasil real, com mais de 50% de pessoas pretas e pardas.